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quarta-feira, 12 de outubro de 2011

O LIVRO DE GABY


Escrito por Gabriell de Minno
(vulgo Antonio Julio de oliveira neto)
Agosto de 2009
Primeiro ato
(contrição)
Meu nome é Gabriellyi a única com dois ll e Yi no final, sou uma escritora e vou lhes contar agora,
ou melhor, a partir daqui, minha historia, ou melhor, a historia que precedeu este escrito.
Sou Gabriellyi, escritora, alguns poucos anos, morena, olhos avermelhados pelo excesso de
trabalho, digo olhos azuis, e cabelos louros, digo pigmentados. Vivo em uma humilde moradia no
centro da cidade algo tipo um escritório três por três, freqüentemente visitado por baratas e/ou
cobradores baratas.
Tenho apenas dois amigos, se assim posso chamar; o J muito atencioso e de opinião decidida, me
convêm sempre ouvir os conselhos dele, no geral é: compre-me alpiste ou eu morro, não seja uma
assassina, preserve os canaros-belgas enjaulados e o outro é... É... É não me lembro bem o seu
nome, ele é aquele rapaz que trabalha na padaria virando a esquina, rapaz até então atencioso e
sempre me lembra de pagar o pão antes de sair da padaria, diz ele “que assim o negocio prospera”
ainda me pergunto se ele pensa que tento dar o calote todos os dias na mesma padaria, muito
difícil de entender.
Mas agora vamos ao que nos interessa o predecessor de nossa pequena e singela prosa. Sou
Gabriellyi com dois ll e Yi no final, sou um “branco”, por favor, isso não e cena de racismo, como
já foi lida algumas linhas acima eu não sou branca, sou “branco”. Os brancos vivem nesse mundo
a pelo menos vinte e dois séculos somos os guardiões das doutrinas e ensinamentos críticos, não
somos muito falados por sermos uma seita secreta, desde já não praticamos magia negra,
praticamos sim o esclarecimento do pensamento humano e a busca para a auto-compreenção e
conhecimento do universo.
Permita-me cessar a embromação; Há duas semanas seria minha formatura seria, seria! Seria? Se
não fosse pelo padre Rulyan ter me proibido e tomado meu rosário de ouro sem me ceder o
rosário de prata. O rosário é o maior tesouro de um branco, era assim que eu pensava, mas estava
errada, naquela noite quando entreguei o meu rosário ao padre Rulyan pensei que quando
recebesse o rosário de prata seria dotada de todos os conhecimentos e me mudaria dessa sala de
escritório para um lugar melhor, talvez Itália ou França quem saiba até mesmo Roma, mas padre
Rulyan me deixou claro que deveria a partir daquele momento buscar um novo esclarecimento se
era realmente isso o que eu faria com meu rosário de prata.
Vejamos, me chamo Gabriellyi a única com dois ll e Yi no final, e tenho um canário e uma sala de
escritório três por três no centro da cidade e o rapaz que trabalha na padaria da esquina e não me
deixa sair sem pagar o pão pois assim o “negocio prospera”, ok. Dermos seqüência então faz uns
três anos que não consigo lançar um livro e minha renda vem de traduzir manuais de instrução de
empresas chinesas e japonesas, tenho sorte de falar duas línguas não muito comuns por aqui, você
acredita que para acertar a hora do vídeo cassete e só manter aquela tecla ao lado do menu
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pressionada por cinco segundos, e que você jamais deve dizer TIM TIM para o seu chefe japonês,
pelo menos não com ele ouvindo, é a maior ofensa apesar se tratar de algo tão pequeno, se é que
você me compreende.
Meu deus se eu disser vocês não iriam acreditar, mas se não contar esse livro vai se tornar um
livreto sabe o rapaz que trabalha na padaria da esquina e que eu não consigo me lembrar do nome,
pois é ele tirou férias em janeiro, e eu vinha notando que aquele rapaz de “monelha” (monelha –
mon. vem de mono uma, elha vem de sobrancelha, ou seja uma sobrancelha grande e peluda que
cobre a testa de uma ponta a outra) não sei se me expressei bem pois ele ouviu, esse rapaz de
monelha vinha me observando por umas duas semanas e sempre escrevia algo no caderninho de
bolso dele. Numa sexta-feira tinha uma viatura de policia na porta da padaria e eu meio assustada
pensei que poderia estar ocorrendo um assalto ou coisa do tipo e cá entre nos tradutores de
manuais de instruções não ganhamos o bastante para sermos assaltadas, voltei imediatamente
para minha sala de escritório no centro da cidade sem comprar meu pão e morrendo de fome, não
penso muito bem de estomago vazio nem meu canaro-belga, percebo que terei que ir ate o
mercado central pra comprar alpiste para o Sr J meu canaro-belga.
Dentro do mercado central resolvi parar em uma de suas lanchonetes para comprar um lanche
para mim já que não comi meu pão hoje, me sentei em um daqueles banquinhos à beira do balcão
e pedi um pastel português que eu adoro e eles fazem muito bem, um tempo depois notei que o
rapaz de monelha estava sentado ao meu lado, e na tentativa de descobrir se ocorrera um assalto
na padaria disse a ele que é triste como os assaltos vem aumentando tem gente que não tem
escrúpulos, roubaram uma padaria perto da minha casa hoje, ele deu um RHUNFIS com o nariz e
saiu sem dizer nada. O povinho sem educação esses. Logo após terminar o lanche desci do
banquinho e fui embora la naquela lanchonete tem-se o hábito de pagar primeiro e comer depois,
diz o dono de lá que tem muita gente que gosta de sair sem pagar por isso ele adotou esse
processo, saindo da lanchonete fui comprar o alpiste do meu canaro-belga e novamente vi o rapaz
de monelha, fiquei um pouco surpresa com a coincidência, mas não quis render assunto com
aquele sem educação de monelha, fui até o caixa e pedi o alpiste para meu canaro-belga e a
menina me disse com uma vizinha até engraçada “são dois e cinqüenta moça” parece que ela fala
pelo nariz e estava com o mesmo entupido pela alergia que dizia ela ter por aquela poluição do
centro, logo o rapaz buscou o meu alpiste e fui embora. Enquanto caminhava notei que o rapaz de
monelha estava a uns cinco passos de distância de mim, então eu apertei o passo e vi que assim
que virei a esquina para o prédio onde fica minha sala três por três percebi que ele parara de me
seguir. Chegando a meu apartamento notei que havia uma carta por baixo da porta de minha sala
três por três, era uma proposta de serviço de uma gráfica não sei bem o nome dela só sei que tinha
muitos manuais de instrução para que eu traduzisse.
Era por volta de umas seis da tarde ou dezoito e pouco dependendo do seu relógio, fui ao ponto
de ônibus, pensei por mim; “esse lugar deve ser puta longe,” peguei o ônibus da linha quatorze
alguma coisa, não sei bem o nome do ônibus, que vai ate o bairro Ana Lucia que sinceramente
nem imagino onde é. Dentro do ônibus notei um cobrador branquela parecia um desses
leitõezinhos rosados de tão branco, reparei que ele me olhava como um tarado sexual, tem muito
disso hoje em dia, e o desinfleis estava com as veias do braço todas estouradas, provavelmente
alguma droga injetável, com aquela cara não era muito difícil. Sentei-me ao fundo do ônibus para
ficar o mais distante possível daquela figura estranha, mas notei que ele não tirava o olho de mim,
notei também que ele estava me olhando com olhos um pouco enfurecidos fechei minha jaqueta
preta da “hard hork” até o pescoço e fiquei atenta a qualquer tentativa dele se levantar já que o
ônibus estava muito vazio só tinha eu de passageira, notei que algumas pessoas entravam no
ônibus umas moças pouco trajadas que estavam para começar expediente, e uma senhora de seus
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quarenta e poucos anos que dizia ser avó, mas parecia ser mais nova que eu, muito bem trajada
via se claramente o sexo nela aquele perfume era ludibriante, obs., digo observação; não sou
lesbica. Digo isso daquele perfume, pois ele me lembrava o rapaz da padaria da esquina que dizia
que era para o “negocio prosperar”, mas me olhava com olhos de sexo não sabendo ele que eu...
Esquece voltemos a falar do cobrador que me olhava como um tarado e começou a tagarelar com a
senhora de quarenta e poucos anos e trajada de sexo, ele reclamava desses que se assenta ao fundo
do ônibus parece que pensam que nos trocadores somos bichos.
Não sabe ele que os trocadores não são bichos, ele sim é que tem cara de tarado sexual e estava me
encarando grosseiramente.
Bene meu nome e Gabriellyi com dois ll e Yi no final, sou escritora e tradutora de manuais de
instrução, tenho um canaro-belga e trabalho para uma gráfica, tenho também na minha estante
uma caixinha onde coloco as moedas do pão, notei essa manhã que ela estava cheia de moedas,
deve ser por causa do troco que o trocador tarado e rabugento me da, pela manhã como em todos
os outros dias fui ate a padaria da esquina, novamente vi a viatura, e aquele cara de monelha
estava conversando com os guardas e apontando indiscretamente para mim, pensei alto; “só volto
naquele lugar quando o rapaz que não sei o nome e que me olha com olhos de sexo voltar de
férias,” ora pois porque aquele maluco de monelha não para de me encarar e apontar para mim. À
tarde como de costume, costume o caranba hoje é meu segundo dia na gráfica. Fui trabalhar tinha
uns manuais para escrever era bastante serviço. E novamente peguei o ônibus quatorze alguma
coisa e o cobrador com cara de tarado estava La novamente, antes de entrar no ônibus fechei
minha jaqueta preta da “hard hork” e coloquei minha bolsa marrom, que mais parecia com uma
sacola de supermercado na minha frente paguei a passagem e fui imediatamente para o fundo do
ônibus, hoje eu estava preparada minha jaqueta estava fechada ate encima e eu estava trajada de
causa jeans e cinto de couro afivelado e muito bem afivelado. Novamente a senhora de quarenta e
poucos que parece ser mais nova que uma jovem de seus vinte e poucos anos entrou no ônibus, e
o tarado cobrador começou a resmungar com voz clara e em bom tom sobre quem senta la no
fundo do ônibus, pensei; “ai eu finjo que escuto o que ele esta falando para mim escutar e me
sento La na frente,” como sempre sou a primeira a entrar no ônibus, e o mesmo esta vazio, a
bobona aqui senta la perto do tarado e só deus sabe o que pode acontecer, resolvi ignorar o tarado
cobrador e me sentei naquela cadeira atrás da poltrona que fica sobre a roda e antes da porta de
trás do ônibus, assim eu poderia ver ele pelo retrovisor que fica próximo a porta dos fundos do
ônibus e ele não muito inteligente não sabe olhar direito pelo espelho, ou talvez seja apenas medo
do mesmo, com uma cara daquela até eu teria, parecer com um porquinho rosado deus me livre
ainda um porquinho tarado.
Ate que em fim as férias do garoto que trabalha na padaria virando a esquina da rua da minha
salinha três por três terminaram, e eu posso voltar a comprar meus três pãezinhos diários, ai você
se pergunta por que três se sou só eu e meu canaro-belga morando na salinha três por três,
simples como um pela manhã e outro à tarde, mas de novo a pergunta por que disso, se a padaria
possui pães frescos à tarde também e com um cheiro muito gostoso por sinal, simples de novo,
tenho sempre a impressão de que alguém pode aparecer durante o dia e como não sou muito boa
em cozinha devo ter algo a oferecer, no entanto minto a mim mesma quando digo isso, na porta de
meu prédio de salas de escritório fica um mendigo, ou melhor um respeitável senhor trajado com
vestes de vitima por ocasião do destino se diz ser Raul, e criador da sociedade alternativa, já estou
desviando do assunto novamente, vejamos todos os dias quando vou a padaria preço para que
coloquem dois pães em uma sacola e um em outra, quando vou abrir a porta do prédio onde fica
minha salinha três por três coloco as sacolas numa bancada que á ao lado da porta pego minha
chave dentro da bolsa e abro a porta quando subo sempre deixo uma das sacolas de pão. Só uma
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coisa que lhe digo não pretendo comprar um lugar no céu com um pequeno pãozinho à um morto
de fome, sempre que vou até minha caixa de correios pegar as encomendas de manuais de
instrução vejo que há um pequeno papel com um poema escrito e no verso da folha a um preço
um tanto quanto confuso pois não é valor em papel moeda, diz “um pão por um poema”.
Nos brancos somos instruídos a olhar sempre o que nossas vidas nos dizem, e sempre que lia os
poemas do senhor trajado com vestes de vitima via minha historia sendo traçada, e hoje por
coincidência no verso estava escrito outro poema, e era o primeiro dia depois que o rapaz que não
me lembro o nome voltar ao trabalho depois de suas férias então pensei por um instante o que
será que o poeta queria dizer com isso, a tarde fui até a padaria, fato que não era de costume e
mais estranho ainda é porque justo naquele dia fazia duas semanas que não comprava pão e
estava só comendo aquele lanche gostoso mas muito engordurado da lanchonete. Chegando à
padaria virando a esquina da rua da minha salinha três por três decidi perguntar o nome do rapaz
que não me lembro como se chama ao entrar na padaria o senhor de monelha saiu imediatamente
e chamou os policiais que estavam na viatura e o rapaz que não me lembro o nome veio
imediatamente em minha direção, de um lado o rapaz que não me lembro o nome e de outro o
senhor de monelha com dois policiais, eu me assustei por um momento, até que o rapaz que não
me lembro o nome me disse que o senhor de monelha acreditava que eu estava roubando os pães
da padaria, mas que não era para que me preocupasse, antes que o senhor de monelha falasse
qualquer coisa o rapaz levou o monelha até o fundo da loja e disse algo a ele, o monelha voltou
meio desenxabido e me pedindo desculpas por qualquer coisa, depois que o monelha se afastou o
rapaz que não me lembro o nome tirou a cadernetinha do monelha e me disse que eu devia
quarenta e cinco pães “é que o negocio não pode parar de prosperar sabe”. Pedi desculpas a ele e
paguei os pães ele me disse que eu deveria prestar mais atenção pois alguém pode me entender
errado, vi que eu estava muito acostumado com aquela rotina, quando fui embora com meus dois
pães a tarde percebi que não havia perguntado o nome do rapaz novamente.
Chegando ao meu prédio notei que o senhor trajado com vestes de vitima não estava mais por lá
estranhei e subi à minha salinha três por três com meus dois pães na sacola, minutos depois de
cerrada a porta alguém começou a bater era o senhor trajado com vestes de vitima, não nesse
momento, agora tinha diante de mim um conde muito bem trajado com uma grande barba branca
e uma testa meio calva, ele tinha em uma das mãos uma garrafa de vinho e na outra um pote de
manteiga, na hora eu dei uma gargalhada espontânea assim que olhei para aquela manteiga,
fiquei espantada não pelos trajes daquele senhor mais sim pelo pote de manteiga. Ele
imediatamente me cessou o riso e perguntou se não iria convidá-lo a entrar. Antes que terminasse
eu o chamei para dento de minha salinha três por três e pedi que se assentasse em um banquinho
próximo ao SR J., meu canaro-belga, _ Hoje vim aqui para lhe agradecer pela hospitalidade minha
cara garota do canaro-belga que sempre esquecia uma sacola contendo um pão, vim te agradecer
pois ontem a tarde um senhor dono de uma editora me surpreendeu enquanto escrevia meus
poemas e me pediu que escrevesse para ele. _ Mas o que tenho eu de responsabilidade disso?
Perguntei imediatamente ao senhor vestido de conde. _ foi graças a morar diante do escritório da
grande Gabriellyi com dois eles e Yi no final e que conheci esse dono de editora. Pensei por um
instante que ele roubara uma oportunidade que era para ser minha ora, pois se o dono de uma
gráfica estava próximo a casa de uma escritora que se chama Gabriellyi só poderia estar caçando a
mesma. _ Sabe Gabriellyi, o senhor dono da gráfica estava procurando o seu endereço e quando
estava prestes a desistir com uma cara de desanimo imensa quis confortá-lo e perguntei a quem
ele procurava foi quando ele me disse que procurava pela escritora de nome Gabriellyi, pois tinha
um trabalho para ela. Por isso estou aqui hoje, hoje sou tão grande quanto aquela que não me
deixou desistir de lutar e iluminou todas as minhas manhãs nos últimos tempos. Era para que eu
te levasse na quarta-feira à gráfica que fica na Avenida Amazonas, no numero 1734 para
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começarmos o trabalho, e você pode ficar tranqüila que eu avisei a ele que você trabalha todas as
tardes para uma gráfica com seus manuais de instrução e que só poderia estar lá pela manhã.
Terminada nossa conversa ele me deu uma imensa tele branca com uma escrita verde água no
centro dela “ki mito onaji azoa” sob o mesmo céu azul.
Um branco aprende a ler o pensamento das pessoas, sei isso parece ser um absurdo, ainda mais
quando é dito por uma pessoa que não consegue lembrar-se de pagar um pão na padaria virando
a esquina. Mas meu mestre me ensinou muitas coisas a respeito, têm haver com o incentivo, todos
sem exceção podem ser um branco, basta querer, muitos até já são e não sabem disso, um branco é
alguém que da valor ao conhecimento não ao próprio mas sim ao mutuo.
Nunca pensei que coincidências pudessem existir, mas veja bem, mais uma vez acordei decidida a
descobrir o nome do rapaz que trabalha na padaria virando a esquina, logo pela manhã como de
costume fui caminhar até o parque municipal ao retornar por volta das nove horas da manhã fui
até a padaria como de costume, só que hoje não era um dia corriqueiro o rapaz de monelha e o
rapaz que não me lembro o nome não estavam lá, havia somente uma garota que me entregou
uma sacola de pão e um bilhete que dizia; _hoje o negocio prosperara de um modo diferente eu e
meu irmão fomos até a cera. Venha nos ver aqui hoje.
Após tentar por horas e horas entender o que o bilhete queria dizer, eu peguei minha mochila e os
meus manuais de instrução para tradução e peguei o ônibus que vai até a cera, próxima ao
hospital da baleia, chegando La vi o rapaz que não me lembro o nome e perguntei a ele o que ele
queria comigo. Disse ele: você não perguntou meu nome até hoje não é?
_ É, realmente não. Porque a pergunta?
_ Sabe nomes são meras regalias se te dissesse meu nome não aconteceria nada do que esta para
acontecer.
_ Não entendo o que você esta dizendo.
_ Veja bem se você quisesse realmente saber o meu nome apenas teria lido meu crachá.
_ Continuo sem lhe entender. O que isso tem haver comigo estar aqui hoje?
_ você e uma pessoa que não se lembra de pagar o pão antes de sair, mas que presta muita atenção
aos detalhes, assim teria visto meu nome, porém não teria vindo até aqui, não concorda?
_olhando por esse lado faz um pouco de sentido. Mas como você sabia que eu queria saber o teu
nome?
_ Porque você vai à padaria todos os dias a mais de dois anos e nunca me chamou pelo nome,
além disso, você pensa muito alto. Tem mais uma coisa; que musica e essa que você fica cantando
quando entra na padaria?
_Musica?
_Enquanto você escolhe os pães você fica cantarolando uma musica que eu não conheço e por isso
eu fiquei muito curioso.
_Realmente não sei, nunca reparei que cantava escolhendo o pão.
_Escuta, agora você pode ir e amanhã nos vemos na padaria.
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_Mas você só me chamou até aqui para isso?
_sim. Agora vá e prossigamos o nosso jogo.
Depois desse estranho encontro com o rapaz que continuo sem saber o nome e agora tento
descobrir o que ele quis dizer com jogo, mas não percamos mais tempo com isso deixe-me dar
seguimento a essa historia e assim você mesmo irá decidir o que isso quer dizer.
“Sana a luz que insana.
Sana a luz profana.
Profana a luz que sana.
Insana luz profana.
“Insana a lúz que sana.”
(Ajonêto)
SEGUNDO ATO
Quando deus criou o homem ele o fez a sua imagem e semelhança e o deu o direito do livre
arbítrio. Então porque o mesmo insiste em dizer que se algo deu errado é culpa do demônio ou se
deu certo é coisa de deus?
Hoje vou a uma gráfica para me apresentar à trabalho, sou Gabriellyi, a menina dos olhos azuis e
cabelo rubro ninfatico possuo um canaro-belga e escrevo livros para os surdos (coisas que todos
querem ouvir e não querem que seja dito) conto sobre um jovem de nome desconhecido, um poeta
mendigo, e um cobrador do noventa e quatro quatorze, meus contos mostram quando esses três se
encontram tudo graças a uma garota desajeitada de nome Gabriellyi.
Certo dia estava sentada em um bar próximo a uma universidade tinha em uma das mãos um
charuto cubano e na outra uma taça de uísque quatorze anos e ouvindo musica cubana, sempre
tive uma certa admiração por cuba e sua musica, sempre fui fã de Fidel Castro por sua posição
contra os bastardos capitalistas, e detesto o seu irmão que logo ao assumir o poder começou a dar
mole para aqueles americanos bastardos. Passava próximo a esse bar o ônibus noventa e quatro
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quatorze onde futuramente conhecerei o cobrador que escreve livros e a vovó quase da minha
idade.
Naquele dia eu estava conquistando minha emancipação, meus pais me expulsaram de minha
casa por não compreenderem o pensamento comunistas que eu trazia comigo desde que conheci
cuba. O estranho é que eu sempre escrevi sobre comunistas, e sobre mártires da humanidade, e
fazia desenhos sobre as almas que ninguém pode ver, mesmo, contudo isso eu era considerada
louca e sem vontade de trabalhar mesmo que eu aprendesse a falar chinês e japonês, e trabalhasse
com tradução de manuais de instrução, e por mais que eu tivesse um sonho e lutasse por ele
descobri que minha opinião não era importante à ninguém, se você me perguntasse se o melhor é
vermelho ou preto eu, diria o que você julgar melhor, uísque ou Martini?
A verdade depende do que você já conhece, eu escolheria uma taça de vinho deni-seco.
Sentada nesse bar com meu charuto cubano e minha taça de uísque percebi que muita coisa
acontecia ao meu redor vi hoje o cobrador e o rapaz que eu não sei o nome que trabalha na
padaria virando a esquina, pensei comigo o que era aquilo? Porque esses dois estão tão felizes? E
porque aquele rapaz não para de olhar para a garçonete? E porque eles não dizem nada um ao
outro? Já que percebeu que ela olha quando ele não esta olhando, Isso e muito confuso.
Pensei em ir até ele e perguntar o que estava acontecendo, mas ele estava muito atento ao que
estava falando, quando eu terminei de tomar a minha taça de uísque eu me levantei e fui embora.
Passei alguns dias pensando naquela cena, e depois de muito pensar não consegui chegar a nada
até aquele momento, pois hoje eu me encontrei com o rapaz da padaria e o perguntei o que ele
fazia naquele restaurante com aquele cobrador com cara de tarado, pensei comigo; será que eles
são gays. Mas não quis tomar partido de tudo isso. Afinal o que tinha eu a ver com a vida deles se
eles se amam é isso que importa.
O rapaz me respondeu que aquele era seu irmão, e que estava lá por uma ocasião especial. Ele a
amava, sim, amava a moça do bar.
Perguntei o porquê eles não estavam juntos, e muito sem graça ele me respondeu que não era hora
para isso.
Mas o que seria hora certa para amar? Isso eu nunca vou saber eu nunca amei ninguém e nem
pretendo. Mas perguntei a ele se eu poderia fazer algo para ajudar com essa moça, qualquer coisa.
Mas o rapaz me censurou e disse que isso não era algo que eu deveria perguntar a ele. Pois um
anjo não deve interferir na vida de outro, se eu dissesse que gostava dele isso sim seria aceito, mas
nunca deveria tentar interferir naquilo.
Pensei por um breve momento no que aquele rapaz me disse, mas preferir me calar a dar
seqüência aquele diálogo, perguntei pela primeira vez o seu nome, mas ele disse que o nome só
define um corpo sem alma, ele não é um corpo a um bom tempo e há anos não possui uma alma,
dizia ele que amar e como ser feliz com agulhas por baixo das unhas inflamadas. Disse também
que o tempo o educou para se tornar conhecedor das verdades do mundo, ele sabe a causa e a
conseqüência de cada palavra que ele diz, sabe também como mudar o livre arbítrio, e disse que
tudo aquilo que eu acabara de escutar mudaria minha vida radicalmente, bizarra uma pessoa que
fala de sabedoria usar uma palavra como radicalmente.
_ Digo a você minha cara CÁ-PRI-ÉL-LII, foi assim que ele pronunciou meu nome, te direi meu
nome se me responder cinco verdades papel, branco, preto, pedra, madeira.
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Nem imagino o que ele queria dizer com essas palavras, mas procurei tentar entender.
Meu nome e Gabriellyi muito prazer, escritora e tradutora de manuais de instrução, tenho um
canaro-belga, um padeiro esquisito, um mendigo poeta e um cobrador tarado, conto casos de
minha vida que não interessam a ninguém. Hoje me apresento à editora que fica na Avenida
Amazonas 1734 e lá receberei uma proposta para voltar a escrever Best seles (minha típica seleção
de besteiras sem graça).
Enquanto eu ia sendo entrevistada o editor demonstrou um terrível desapontamento com minha
pessoa, mas graças a falta de educação humana e a curiosidade do editor quando eu ia me
retirando daquela sala escura e cheia de troféus de imprensa deixei que meus manuscritos sobre
essa historia que aqui escrevo caísse no chão. Ao tentar me ajudar a recolher os papeis o editor leu
meus escritos, e perguntou quando eu terminaria de escrever esta historia, ele me pediu que
terminasse este trabalho, pois seria meu próximo lançamento. “muito falso esse editor ele, só
queria saber o que eu escreveria sobre ele nesse parágrafo”.
Bem meu caro leitor e intruso nesta historia, se é assim que posso te chamar, minha historia agora
sofrerá uma reviravolta. No ônibus do cobrador tarado havia uma pessoa que há muito tempo eu
não via, essa pessoa tinha um nome difícil de pronunciar seu nome era Letrê Deminos desenhista
e poetiza um mestre na arte de solucionar enigmas insolucionáveis.
Enquanto conversava com Letrê sobre a pergunta feita a mim pelo rapaz da padaria, disse a ele
que não entendia nada do que isso poderia dizer o que é papel, branco, preto, pedra, madeira.
Bene, nunca em meus anos de comunista havia visto algo tão complicado que eu não pudesse
resolver, mesmo com todos esses anos de branco, de escritora e de tradutora de manuais de
instrução.
Letrê me disse que é complicado assim, pois é um enigma o importante é o que ele quer ouvir de
você papel, branco, preto, pedra, madeira nunca em minha vida eu ouvi falar sobre isso...
Abominavelmente o cobrador tarado interferiu em nossa conversa e disse o seguinte:
_ Sabe eu acho que sei o que você quer saber.
Retruquei imediatamente: _ Quem te chamou para essa conversa?
Da mesma maneira que ele começou a falar cesou-se e sussurrou “que vá com deus, meu anjo”.
Meu amigo Letrê não conseguiu me ajudar a responder aquela pergunta e já muito entediada com
isso decidi ir até onde isso começou.
Meu nome é Gabriellyi a única com ll e Yi no final, agora sentada em um bar com meu charuto
cubano e minha taça de uísque quatorze anos, com um pequeno papel em minhas mãos escrito
“papel, branco, preto, pedra, madeira” e a garçonete vestida de vermelho e sorriso entre aberto
puxando para um dos cantos da boca, de olhos castanhos como dos egípcios, como os olhos de
Tutancâmon, uma voz fina e delicada, com um cabelo curto acima dos ombros e amarrado com
um pequenino rabo de cavalo, perguntou de forma serena o que eu desejava, mas cá entre nós ela
não estava nem um pouco satisfeita com aquele lugar de trabalho. Pedi a ela mais um copo de
uísque escorcés Jhony Walker, com aquele sorriso, uma pedrada na testa era melhor.
Após duas horas na mesma mesa e sete Jhony Wolker’s pedi minha conta e sem querer vi... vi...
vi... Realmente estava claro como uma dose de Martine em um happy hour as seis da tarde. Vi que
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sabia a resposta daquela pergunta, papel, branco, preto, pedra, madeira tinha em diante de mim a
primeira grande verdade a madeira.
Madeira primeira verdade; a madeira é um símbolo imutável composta por centenas de partes
fragmentadas, inconstante, cheia de falhas, uma farpa uma tora a mesma madeira que entrona o
rei crucifica o cristo, aquela menina diante dos meus olhos era como um fragmento de madeira o
carbono o alquímico o transitório entre vida e não vida o inconstante a madeira que é arvore, vida,
abriga aos pássaros e produz frutos a madeira que é tora que entrona o rei que crucifica o cristo
que desarma o homem é que hasteia o arco de Artemis. Aquela menina possuía uma natureza
inconstante não estava satisfeita consigo mesmo e não sabia o que realmente desejava, temia o
desconhecido amava o padeiro, mas o temia, tudo o que pude dizer a ela foi:
_Diante de um precipício pule...
Essa frase foi dita a mim por meu mestre e mentor padre Rulyan enquanto me ensinava um
exercício de combate ao medo, diz ele que isso significa que não devemos temer aquilo ao qual
podemos prever as conseqüências. Lembro-me que certa vez durante esse treinamento estávamos
sobre um prédio muito alto por volta dos seus vinte e três andares ele me disse que mesmo
naquele lugar se ele pulasse poderia dominar o seu destino ele me disse que não morreria, pois a
moça do apartamento abaixo de nos percebera o movimento nosso a beira do prédio, disse
também que se ela sentisse que iríamos pular subiria e nos deteria, é verdade que isso seria uma
pequena fração de segundos, mas muitas coisas aconteceriam por isso jamais deveríamos temer
aquilo que podemos compreender. E jamais ignorar uma resposta que pensamos desconhecer.
Piuuu
Uuuu
Uu
Iii
Iii
Iiii
Uuu
Pummm!!!!
Caiu
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Mais um bobo
Terceiro ato
(confinarmente)
Bom jour meu nome é Gabriellyi ruiva, comunista, e amo charutos cubanos e wuiskie Jhony
Walker, tenho olhos azuis, dizem que um hálito de segunda de manhã, minha historia começa em
uma rodoviária na capital de Minas Gerais. Foi em uma quarta feira de setembro quando
completei meus vinte e três anos minha família havia decidido viajar para o interior do estado
quando o ônibus estava preste a partir fui até o banheiro do ônibus e quando sai ele estava já
estava andando e ninguém da minha família estava mais naquele ônibus, foi quando dei por mim
que minha antiga vida acabou, que Claudia a menina de cabelos negros e olhos castanhos da rua
dos anjos nº vinte e dois havia morrido e nunca mais se ouviria falar nela.
Quando o ônibus chegou próximo a entrada da cidade de Ferros no leste de minas eu decidi
descer do ônibus e começar minha jornada não tinha uma única moeda no meu bolso, não tinha
nenhum lugar para ficar não tinha nenhuma bagagem em minhas mãos.
“Aos anjos o inferno” foi o que disse Ajonêto antes de morrer, me pergunto o que faria para
mudar meu destino, saindo do ônibus na BR 381 tive em minha frente uma encruzilhada uma
levava novamente para Belo Horizonte outra para Ferros outra para governador Valadares e uma
para não faço a menor idéia. Bateu em meu peito uma angustia muito desconfortável um medo de
fracaçar não conseguia pensar, era uma tarde nublada e não dava para ver o sol, contudo por volta
das seis da tarde o sol estava se pondo e eu já estava disposta a desistir da minha vida, foi quando
a luz do sol tocou o meu rosto era gostoso quente como o colo de um amante me confortou um
pouco foi quando comecei a enxergar o que eu estava por fazer, em Belo Horizonte eu não poderia
mais voltar pois não tinha dinheiro para viajar, para Valadares também não, só me restava Ferros,
que estava a uns trinta quilômetros de distância de onde eu estava.
Lembre-se sempre que a luz roxa que o sol exala nas tardes de setembro podem cegar. Cegou-me e
não vi o rapaz que estava no opala azul que vinha em minha direção, quando dei por mim estava
novamente em belo horizonte no hospital João Vinte e Três o único capaz de socorrer
politraumatizados em todo o estado de Minas.
Quando acordei percebi que estava na sala de emergências e que havia uma ponta de metal
cravada em meu peito, fiquei louca e apavorada com que estava acontecendo neste lugar foi
quando o vi, Júlio um rapaz amarelo com um pequeno sorriso no rosto agonizava de dor possuía
um ar estranho em seus olhos ele tinha olhos de moça delicados e curiosos, sua família estava lá
no corredor do hospital e por incrível que pareça eles ainda se ocupavam em brigar entre si. Num
improvável instante quando tudo parecia estar perdido, Júlio, o rapaz da maca ao lado da minha,
olhou-me em meus olhos e disse que eu deveria estar grata pelo que me acontecera, ele poderia
não saber que eu tinha sido deixada pela minha família, mas falou como se soubesse como se
pudesse ler em meus olhos e o que estava acontecendo comigo naquele instante. Mas como uma
pessoa em choque pode dizer essas coisas!
Sana a luz que insana.
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Sana a luz profana.
Profana a luz que sana.
Insana luz profana.
Insana a luz que sana.
Eis o que me foi dito por quem nem ao menos sabe distinguir a realidade da dor, se é que tem
diferença.
Samael Andrei AL Tarso era o nome do rapaz que dirigia o opala azul.
No hospital em meio a minha dor ensandecida tentei arrancar o pedaço de metal que estava
cravado em meu peito, foi nesse momento que nós nos conhecemos.
_Você pode tirar isso de seu peito se quiser, mas se o fizer morrerá automaticamente.
Não pretendo dete-la se essa for sua vontade, mas não creio que seja, também não me
importa, se você tirar isso não passará de húmus para a mãe Gaya, não te haverá mais dor, não
haverá mais você. Ou seja, você não sofrerá.
Eu por minha vez teria que ficar preocupado por não ter te salvado desse destino cruel, mas
não vou isso será uma escolha sua mesmo porque essa preocupação seria muito falsa, se esgotaria
no exato instante que minha carne voltasse para o antro da mãe Gaya, não haveria mais nada.
Foi assim que Andrei salvou minha medíocre vida.
Nunca pude retirar aquele metal do meu peito, disseram os médicos que aquilo agora faria parte
de mim e se retirado meu coração iria parar e todo o meu sangue jorraria. Triste e cruel não acha.
Mas não é, é meu destino.
Após me recuperar passei algum tempo sob os cuidados de Andrei, e foi ele quem me ensinou
chinês e japonês além do árabe sua língua materna, apartir daí comecei minha careira de tradutora
de manuais de instrução e a escrever livros.
Andrei devia ter por volta de seus trinta anos, quase nunca falava sobre si, ele era de estatura
mediana olhos pequenos quase não tinha sobrancelhas elas eram claras, Andrei era professor de
uma escola em Ribeirão das Neves e a noite pintava quadros em seu atelier, dizia ele que um dia
seria lembrado por aquelas telas, e será só não o sabe que isso será logo, Andrei só não acreditava
em deus ou coisas ligadas a espiritualidade não o condeno foi essa sua escolha. Dissera ele que
tentará se tornar um padre, mas o preconceito social o impediu, não importa seu sonho você tem
que trabalhar para sobreviver alem do mais não adianta colecionar poder e dinheiro você morrera
mesmo e todas essas conquistas serão em vão. Contudo nunca deixe de ser feliz só porque um
velho gordo e ransisa te disse essas coisas. Nunca amei porque o amor não vem para os velhos
gordos e ransinsas, mas também nunca condenei o amor.
“Vá atrás daquilo que acredita e nunca deixe sua mente comfinada, olhe sempre adiante sem se
esquecer que o caminho pelo qual você passou esta atrás e que estamos todos sob o mesmo céu
azul.”
Foi assim que ele se despediu de mim e nunca mais ouvi falar nele ou em nenhuma de suas
historias, nem sei ao menos o que ele lecionava na escolha de Ribeirão das Neves, sei que ele era
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um homem muito simpático e que um dia descobrira que já foi amado, e que os “velhos gordos e
ransinsas” também podem ser admirados. Bom talvez ele saiba disso.
O que isso lhe aparenTa ser.
(espaço reservado a sua imaginação)
Imagem em ação
Quarto ato
Meu nome é Gabriellyi a única com dois l e Yi no final tenho um canaro-belga chamado de SR J e
um amigo que trabalha na padaria todos os dias depois das seis ou dezoito dependendo do seu
relógio pego o ônibus noventa quatorze para ir a gráfica onde trabalho como tradutora de
manuais de instrução, só entre nós e o intrometido que estiver olhando você ler esse escrito ai do
seu lado, é eu estou falando com você, seu bico, curioso, intrometida, aguarde a sua vez ou
compre um pra você logo logo eles estaram nas banca, coisas estranhas acontecem em um ônibus
de nome noventa e quatro quatorze.
Você sabia que é possível distinguir se uma pessoa e o irmão mais novo ou o do meio ou o mais
velho apenas com os olhos, veja bem o irmão mais novo possui olhos de alta suficiência e carência
algo do tipo você não pode me tocar, pois o mundo esta a meu favor, o mais velho ao contraio
seus olhos são como os de Era imponentes e intransponíveis, me toque e morrera, o do meio vaga
entre o docio e o tétrico em uma matilha é o lobo mais perigoso bastardo pelo seu líder
intransigente com os demais, não possui o respeito e sim o temor alheio, o mais perigoso temor...
“Uma pequena fábula:
O cão respeita o homem,
Por isso o protege.
O lobo teme o homem
Por isso o mutila,
“Rasga, estraçalha.”
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...Dentro do ônibus noventa e quatro quatorze trabalha um cobrador de olhar atenuado, a parecer
me despindo, todos os dias no mesmo horário, já faz mais de dois meses, ainda bem que meu
trabalho já esta acabando naquela gráfica.
Mais de dois meses e até hoje não consegui a resposta do que o padeiro me pediu o que será que
quer dizer aquilo; papel, branco, preto, pedra, madeira. Bem madeira eu já comecei a entender
mas e os outros será que são realmente personalidades humanas, Áaa... Sei lá também já nem
estou interessada nisso por mim se ele quiser me falar o nome bem se não quiser também.
O sexo.
Sexo, sexo feito em vinil
Poesia e gozo anil,
Uma vitrola velha cantarola
The Beatles
In the holing stones.
Uma nova velha senhora,
Uma senhora
Que não sabe ficar velha,
Com cheiro de sexo,
E gozo anal.
Deixe que teu fogo incêndei Roma.
Não o dê aos romanos
E sim a mim,
Fogo em carmesim.
Naquele ônibus havia uma velha senhora com seus vinte e poucos anos, netos e talvez bisnetos
que agora citarei com a cooperação do tarado cobrador, e antes que se esqueça de citar havia
também uma estrangeira de tróia, a belé helené.
Coincidências ou acasos o cobrador não estava mais naquele ônibus e agora como eu faria para
encontralo e terminar minha historia, tanto tempo fugindo do cobrador com ar de pedofilo e
quando eu quero encontralo ele se esconde por baixo de escombros feito um fantoche assalariado
capitalista.
Coincidências não existem hoje no ônibus noventa e quatro quatorze, encontrei a bela diva se
assim posso me referir, ela me contou sobre um rapaz que possuía um olho que dava faniquitos de
extrés dizia ele ser o irmão do cobrador ele vez ou outra pega esse ônibus e certa vez disse morar
em uma salinha no centro e que deveria procuralo, ela não sabia seu nome, mas disse que era uma
pessoa muito estranha nunca deixava que as pessoas terminassem uma frase sequer era como se
ele pudesse prever o que seria dito antes de pensarmos, mas era gente boa...
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Actun quintu
Foi dito assim teu nome será Júlio não como o de Cesar, mas sim como o do pobre meirinho
maltrapilho e decadente. Essa foi a ordem de meu nascimento, invado nesse momento a historia
de Gabriellyi a única com dois l e yi no final, esta bela garota de nome diferente escritora e poetiza
me conheceu a muitos anos não sei se no passado ou no futuro creio que não seja no presente...
Foi assim, numa tarde de domingo, numa passarela, numa tarde, num dia de frio, num dia sem eu
sem você, foi mais ou menos assim: eu trajado de preto minha jaqueta corriqueira, minha calça
sete bolsos, um fone de ouvido, um sorriso, uma lagrima, era o fim de um novo começo,...passo a
passo fomos nos encontrando naquele instante, nem uma palavra dita, eu sabia que ela era ela e
ela sabia que eu era eu. Passamos um pelo outro sem dizer sequer um oi, contudo ela me olhou
em meus olhos e eu olhei os dela paramos por um instante e prosseguimos nossos caminhos...
Um miiinnnuuutttooo,,,
Um sssiiillleeennnccciiiooo,,,
Um dddeeecccaaaiiinnndddooo,,,
EEEuuu ooouuu vvvooocccêêê???
Tuuudddooo,,, nnniiinnnggguuuééém...
EEE.........
Um sssiiimpppllleeesss nnnaaadddaaa...
Doooiiisss aaannnjjjooosss eeem uuum bbbooollleeerrrooo dddeee maaagggoooaaasss...
PPPeeennnsssaaameeennntttooo sssuuupppllliiicccooo iiinnnccciiisssooo...
PPPaaattteeennnttteee iiinnncccóóóllluuumeee...
Ruuubbbrrrooo iiinnnsssííípppiiidddooo...
Mooorrrttteee aaaooosss mooorrrtttooosss qqquuueee pppeeerrrsssiiisssttteeem eeem vvviiivvveeerrr!!!
Deeeuuusss...
...
Em um único instante de minha infortuna vida tive esperança, desejo, planos, sonhos, desespero,
fadiga, medo, decadência. Já não era mais eu nem ela, não sabia o que era, mas sabia que era para
ser. O vento soprou forte jogando areia em meus olhos fazendo com que eu virasse meu rosto em
direção a ela e ao mesmo tempo desamarrou os cabelos dela fazendo com que ela se virasse para
mim, trinta segundos eternos meus olhos nos olhos dela os dela nos meus e quando voltei ao meu
caminho não sabia mais onde eu estava indo não sabia mais nada.
Meu nome é Gabriellyi a única com dois eles e Yi no final escritora... E tão só... Mente isso...
Conheci naquele dia alguém que não posso descrever em palavras, pois naquele momento não
havia nenhuma palavra para pronunciar, apenas dois olhos um no outro o vento uma lagrima e
um sorriso eu sabia que ele era ele e ele sabia que eu era eu. Descobri naquele momento que o
vento e o sol podem se amar, que a lua espera pelo mar, que o orvalho acaricia as pétalas das
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flores. Estava trajada de minha jaqueta costumeira, com meus cabelos então ruivos, com meu Roispick
aceso em uma das mãos e o vento tentando apagá-lo, senti o carinho dos ventos o beijo de
despedida do sol e o frescor do primeiro orvalho do anoitecer de junho, não posso descrever o que
eu tive em meu coração, pois nem mesmo eu sei o que foi que eu senti naquele momento.
Sou Júlio um abençoado por falar a língua do vento, quando ela passou por mim não pude dizer
uma única palavra, mas quando nos despedimos o vento sussurrou em meus ouvidos o seu nome,
gaaaa... Briii... Eeee... Liiii... E jogou em minhas mãos um cartão com o endereço da mesma. E eu já
sabia o que devia fazer.
Gabriellyi, Gabriellyi já não sabia se era esse o meu nome, mas sabia que minha vida mudaria hoje.
O vento que acariciava meu rosto me roubou um pequeno cartão de visitas, e sabia que era para
entregá-lo, pois o vento jamais faz a o mal, mas, sim remedia o mal já feito, cura as feridas, e
reabre as gangrenas.
Hoje arrumei minha casa, lavei meus cabelos coloquei meu vestido vermelho, curei meu hálito de
segunda pela manhã, me mudei, deixei de ser eu, deixei de ser Gabriellyi, e mais uma vez na
minha vida fui Claudia a menina de cabelos negros e olhos castanhos.
Por favor não deixe me esquecer meu nome, Júlio és este que sou, poesia sem poeta, tinta sem
pintor, a razão sem a lucidez, a vaidade sem a nudez, o eu sem o você. Insana luz persona, segui o
que o vento me disse fui até à... Capriele a menina da passarela da tarde fria, que falou com o
vento, que me falou sem palavras todas as palavras que não são ditas.
Trajado de vestes negras, com uma jaqueta grossa como se pedem as tardes de junho, com meus
óculos corriqueiros de pequena armação, minha calça sete bolsos, meu sorriso sem rosto. Tinha
ante meu peito uma única rosa, dizem que uma é a beleza, a conquista, e um buquê é para um
perdão, uma desculpa, um desanexo.
Estávamos eu Julio de um lado daquela porta, eu Gabriellyi de outro, ambos andando em círculos,
quem daria o primeiro passo, eu Julio meio sem jeito afinal não havia sido convidado para aquele
lugar, eu Gabriellyi meio tonta de andar em círculos não queria parecer estar esperando por ele.
Um suspiro... Uuufááááá... Uma mão a bater a porta, outra mão à maçanetas, nenhuma batida,
nenhum rangido de porta, mais uma vez... Uuufááááá... Uma mão à porta outra à maçaneta... Um
rangido e um “toc toc”. Dois olhos um no outro um sorriso tímido, meio embaçado, os polmos do
rosto sonrosados... Oi sou GAJÚBRILIELLYIO... Você primeiro;
_Sou Júlio...
_E eu sou Gabriellyi...
E antes que alguém pudesse dizer uma única palavra, um beijo e nada mais, somente um beijo,
ninguém sabia o que estava acontecendo, nem ele nem ela, nem Júlio nem Gabriellyi, nem mesmo
eu sei quem esta escrevendo essa passagem da historia.
Tudo isso teria acontecido se eles escutassem o coração, de que adianta falar a língua do vento? De
que adianta falar a língua do sol? Se não os escuta!
A historia verdadeira foi assim:
Eu Gabriellyi estava atrasada para ir á editora pegar os manuais que iria traduzir, sai correndo
para pegar o ônibus noventa e quatro quatorze...
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Eu Júlio havia esquecido um documento enquanto tomava um lanche em uma padaria, e voltei
correndo...
Lei da ação e reação, dois corpos em sentidos opostos exercem forças de mesmo valor e em
sentido oposto, ou seja, dois apressados correndo no meio do centro se trombam e vai um pra
cada lado, traduzindo eu Júlio e eu Gabriellyi com a cara no chão.
_Sua doida você não olha por onde anda?
_ Quem não olha por onde anda e você, seu sem educação!
Essa foi nossa primeira troca de caricias...
_E você não pretende me ajudar a levantar?
_Áaa levanta sozinha eu tenho que correr.
Quando eu me levantei para ir a padaria pegar o meu documento aquela doida segurou minha
perna, e chão novamente.
_Ha há há há. Gostou bonitinho?
_Orá sua doida. O que você pensa que esta fazendo?
_Colocando o burro na frente da carroça. Gostou o lindinho?
_Agora você se levanta e me ajuda a levantar. Meu ônibus já passou e o dono da padaria eu
conheço, e sei que ele vai guardar o que você esqueceu por lá.
_E como você sabe que eu esqueci algo la?
_Eu também sou bem lerda como você e sempre esqueço as coisas...
Agora você vai me ajudar a levantar ou não?
_Esta bem...
Por um momento o bárbaro inconsiso Júlio se tornou um cavalheiro, seus olhos mudaram, seu
sorriso mudou, e nesse instante conheci outra das cinco verdades papel, branco, preto, pedra,
madeira. Branco, iluminado, completo impuro, como aquele que estava ante meus olhos não era
mal, mas também não era bem, aquele rapaz ao contrario da moça do bar possuía uma força
silenciosa, o branco não é apenas uma cor o branco são todas as cores, trás consigo a cor do ódio,
do desejo, da paixão, da alegria, da tristeza, trás todas as cores, coisas.
Essa menina de nome Gabriellyi ficou me olhando por alguns instantes como se pensasse algo,
não sei o que era mais ela fazia cada careta para pensar que chegava a ser muito engraçado.
Na padaria, o padeiro a olhou e a mim, e me disse algo que eu não entendi, “meu caro papel
branco tintado de preto por sob uma pedra encobrindo a madeira, você não sabe ainda, mas sua
vida acaba de mudar de direção.”
Pensei, apesar da Gabriellyi não concordar eu penso sim, o que esse maluco queria dizer com isso?
Não sei só sei que ela entendeu e sorriu para mim.
“O futuro de vocês já esta pré traçado cabe a vocês desembaraçá-lo juntos.”
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Logo você me trará a resposta cara Gabriellyi, nunca se esqueça do que esta buscando, e também
nunca se esqueça de viver, ele é um bom rapaz e vai lhe ajudar.
Não sabendo o padeiro que quando saíssemos daquela padaria eu nunca mais veria aquele
maluco novamente...
Olha quem esta falando de maluco?!...
Para de intrometer ou eu te tiro da istoria... Viu você já ta me fazendo escrever errado...
Harrrrrrrrrrrrrr!!!
Próximo ato, por favor.
Sexto ato
(Despessura cuneiforme)
Branco. Você não escolhe se tornar um branco ou não, você escolhe apenas se ira viver ou
permanecer nesse mundo até tudo acabar.
Um branco não é um iluminando, mas sim um alguém que escuta as línguas do mundo, a língua
do vento, do sol, da água, do ar, não muito difícil de compreender, mas pouco escutada pelas
pessoas.
Quando conheci padre Rulyan conheci meu destino. Foi mais ou menos assim:...
Olha a linda menininha,
Saltando entre as pedras
Salta uma,
Salta duas,
Salta três peeedras.
Não salte menininha,
Pois vai se machucar aaa aa aa
O rio esta forte
Olha água
A te levar...
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Quando era uma simples criancinha cantava essa cantiga enquanto atravessava um riacho que
passava nos fundos da casa de meus avos, até que certo dia aquela menininha escorregou e caiu
no riacho, havia chovido muito naquela manhã, e quando dei por mim estava deitada próximo ao
altar de uma pequena igrejinha muito longe de casa, que me socorreu foi o padre Rulyan, desde
então vou todas as manhãs visitar o padre.
Desde aquele riacho aquela menininha estava morta, meus olhos já não eram mais os mesmos,
dizia padre Rulyan que eu tinha olhos de desbravadora. E estava certo ate que certo dia um
homem que se dizia ser padre assim como Rulyan estava na casinha dos fundos da igreja, estava
ele e uma menininha pouco mais nova que a pequena Claudia, devia ter por volta de seus nove
anos, ele a pedia para fazer coisas abomináveis, coisas que nem mesmo às meirinhas da velha
Oiapoque sabiam fazer, isso durou por horas, e a pequena Claudia ficou ali escondida por trás de
algumas roseiras, e quando a menininha tentava parar ele a batia e em seguida a acariciava.
Certo dia enquanto eu estava ajudando o padre Rulyan a preparar o altar para a missa daquele dia,
Rulyan me chamou para ir ate aquela casinha aos fundos da igreja, dizia ele que me daria algo, na
hora eu me assustei e pensei que ele iria tentar fazer comigo como fez aquele outro padre. Quando
chegamos La, meu deus ele veio em minha direção com uma das mãos fechadas, respirei, e
quando dei por mim carinhosamente arremessei a parte frontal de meu pequenino pesinho na
parte inferior e frontal da batina do padre Rulyan, pobre padre caiu de joelhos diante de mim e
sorriu quando a dor terminou, ele disse que sabia o porquê do que eu acabara de fazer, e que
nunca pensou em fazer aquilo comigo, abriu sua mão e me deu um pequenino rosário de ouro,
dentro de cada uma das cento e oitenta contas havia um pequeno espaço, disse padre Rulyan que
na pedra junto ao crucifixo eu deveria colocar o meu maior desejo, e nas outras deveria colocar os
caminhos para chegar ate ele, tudo o que eu deveria conquistar para chegar ao meu maior ideal, e
que quando estivesse próximo a completá-lo eu começaria a aprender os pensamentos cristicos.
Talvez ele não saiba, mas não coloquei nada na pedra do crucifixo ate o dia em que Claudia
morreu, e Gabriellyi nasceu.
Depois que me entregou o rosário passei alguns anos sem ver padre Rulyan, aquela mente infanto
pensou por um bom tempo, será que ele havia dito que nunca pensou em fazer o que o outro
padre fez com aquela menina porque eu era feia e sem graça? Somente depois dos meus dezesseis
anos e que comecei a entender o que padre Rulyan me dissera, quando fiz dezessete procurei
Rulyan novamente. Agora com muitas perguntas e poucas respostas, como o porquê daquele
rosário, e o que ele queria me dizer aquele dia, e o que aconteceu ao outro padre.
Padre Rulyan me deu varias respostas, nenhuma delas eu compreendi naquele momento, ele me
disse que quando me viu logo em seguida ao acontecimento do outro padre, ele leu em meus
olhos o que eu havia visto e ouvido, me disse também que eu fiz bem em não ter preenchido o
meu rosário naquela época, disse que agora eu iria passar por muitas aprovações e acontecimentos
aos quais deveria estar preparada.
Rulyan me entregou outro objeto naquele dia, era uma espada curta com inscrições em sua lamina,
dissera ele que aquela espada jamais poderia ser vista por mais ninguém nem mesmo por ele. todo
branco quando e iniciado na sua jornada recebe uma espada e um terço, nesse terço ele colocara
todas as metas e caminhos para que possa atingir o nirvana em vida, e também para que tenha
todas as conquistas que sonhar, e a espada representa seu maior segredo suas virtudes e vontades
por isso jamais pode ser vista, caso isso ocorra perdera automaticamente seu rosário e sua espada.
Pode parecerte meio cruel tais atos e sem nenhum sentido.
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Mas quando me tornei um branco também me tornei alguém capaz de entender as verdades que
ignorava nesse mundo mundano. O porquê de muitas coisas o porquê alguém quer água e tem
medo de pedir, o porquê hoje é domingo, o porquê eu escrevo se não sei o que estou fazendo... E
etc.
Juro que guardar uma espada que ninguém pode ver e mais difícil do que parece, sempre tem a
quem você quer mostrar, mas padre Rulyan me disse que isso era por causa de um costume antigo
de nunca contar quando se próximo de uma grande conquista, isso porque impede os maus-veres
alheios.
Contudo eu somente preenchi a o local referente à minha meta quando eu sofri meu acidente, não
sei se você se lembra, mas como já citado a algumas paginas antes, eu tenho uma ponta de metal
cravada em meu peito e que os médicos não podem mais tirar, e segundo a medicina eu não passo
desse ano, minha meta foi: “viverei mais um janeiro”.
Sétimo ato
Sou Gaby foi assim que ele me chamou depois de nosso segundo desencontro, senhor J foi assim
que ela me chamou depois de me esbofetear.
“Meu bom livro me diga o que é um bom livro?
Um bom livro seria aquele que não diz más criações?
Ou seria aquele que conta todas as verdades?
Pensei por um tempo um bom livro é aquele que conta aquilo que as pessoas querem ouvir.
Mas isso faria dele um mau livro!?
O que seria um bom livro então?
Algo purpurinado, capa dura, com um grande nome de um grande escritor.
Ou, talvez, talvez, com uma dedicatória muito romântica?
Um bom livro e feito de verbos, e sujeitos, predicados e advérbios seja qual o seu modo ou sua
ligação. Um bom livro sou eu e você. Traz historias e coisas para se aprender, lições valiosas.”
Foi mais ou menos assim, sexta feira, tarde, o metro em greve, o ônibus lotado, quase não da para
respirar,
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O ônibus para e eu entro nele, ate ai tudo bem, sabe aquele perfume tipo noventa e nove porcento
enxofre, fudun, catinga de suvaco, inhaca, pois é assim que um ônibus cheira em uma sexta a
tarde no caminho de volta pra casa, entrei no ônibus passei a roleta depois de muito esforço, não
sei por que velho pega ônibus num horário desses se eles não trabalhão, enquanto estava tentando
encontrar um lugar para me segurar veja bem o que me acontece, um maluco em um carro para
desabestiadamente na frente do ônibus, o que fiz? Segurei-me onde deu.
Quando dei por mim minhas mãos estavam onde não deveriam, nos seios daquela maluca do
outro dia...
Meu Deus naquele dia pensei: nunca mais eu pego um ônibus, um tarado me assediou dentro do
ônibus, pior foi aquele lerdinho e bonitinho do outro dia, o que fiz? Enfiei lhe carinhosamente
uma bofetada...
_ Sua doida, você não ta vendo que eu fiz isso por causa do arranque que o ônibus deu?
_Ora seu...
_Veja só se achando toda. Vê se eu ia fazer uma coisa dessas?
_Por acaso tu ta insinuando que eu sou uma baranga?
_Era o que me faltava. Alem de chata e cismada.
Cismo deixa.
Num golpe de sorte se é que eu posso chamar assim ela pegou minha mão e colocou novamente
sobre os seios e disse:
_Só assim prum lesado como eu conseguir pegar em uma gata como ela.
Logo em seguida me esbofeteou novamente. Desculpou que era pela cara que eu havia feito
depois que ela colocou minhas mãos sobre os seios.
Meu deus eu Gabriellyi fazendo uma coisa dessas, a mão dele em mim, o que eu tinha na cabeça?
Acho que foram aqueles olhos. Vi que ele tinha os mesmos olhos de moça que o rapaz do hospital
João vinte e três.
Quando eu olhei diretamente para aquela maluca, percebi que já tinha visto os olhos dela antes,
não sei de onde, mas era alguém muito familiar.
Agora já sem jeito os dois, veja o que nos acontece, eu Julio e eu Gabriellyi na porta do ônibus ao
mesmo tempo quem desceria primeiro? Eu é claro sou uma garota e você deve deixar eu descer
primeiro.
_Garota. Huff. Eu sei. Tu é uma apressadinha.
Quando eu ia descendo do ônibus aquela doida colocou a mão em meu ombro e me puxou para
trás me jogando no fundo do ônibus. E o motorista é claro já meio irritado.
_Vai descer ou não?
Já arrancando o ônibus. Ela se desequilibrou e caiu em meu colo. Colo...ou...o...cotovelo no meu
estomago. E perguntou carinhosamente se eu não iria ajudar ela a se levantar...
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Respirei fundo e sorri. Levantei-me e ajudei-a a se levantar. Já dois pontos fora do lugar. Eu a
ajudei a descer, e veja onde nos fomos parar.? Fomos logo ao ponto da passarela o lugar aonde nos
vimos da primeira vez.
_sabe logo ali encima tem um restaurante onde eu costumo parar para beber um pouco, o que
acha de me convidar?
_convido, mas só se for a meia.
_ta certo de qualquer forma eu ia para la encima mesmo.
E então vai convidar ou não?
_OK! Quer ir ate o restaurante comigo?
_E claro se foi eu que sugeri.
_você e muito difícil, sabia?
_Você e muito charmoso, sabia?
Um sorriso meio sem graça e os dois subiram a rua do restaurante. Chegando ao destino, como eu
já sabia que ela iria pedir que eu puxasse a cadeira para que ela se assentasse, o fiz muito
cordialmente.
_Me diga você não é nenhum desses viadinhos?Certo?
_Porque essa agora?
_Por causa dessa frescurite toda com essa cadeira. Mas agora pede logo, quero ver o que você vai
escolher.
Como já de costume meu pedi uma ótima taça de vinho bermonte tinto suave, e a ela uma taça de
uísque escocês Jhony Walker.
_Como você adivinhou que eu pedira esse uísque?
_É mais a sua cara.
Depois de muito tempo sem nenhuma palavra, o que eu vejo uma pequena mancha de sangue na
blusa dela bem no rumo do peito. Pensei em perguntar a ela o que era isso, mas hesitei. Olhando
nos olhos dele tive uma certeza ele era o rapaz com olhos de moça que eu vira no hospital.
Mas nenhum dos dois disse uma única palavra, ficamos apenas com os olhos um no outro, mas
parecia que falávamos inúmeras palavras. Foi quando sem que percebesse um rapaz entrou pela
porta e o senhor J. Mudou rapidamente de semblante. Disse ele que aquele era seu irmão, e
quando vi quem era o rapaz fiquei muito surpresa era nada mais nada menos que o cobrador
tarado.
O cobrador ao perceber que estávamos no restaurante pegou de repentino a sua companhia e sai
antes mesmo de terminar de entrar no restaurante. Senhor J. deu um singelo sorriso e me disse
que aquele era seu irmão e que não o via a muito tempo.
Quem diria eu estava de frente a pessoa que procurava a muito tempo. Mas me veio uma imensa
curiosidade, então era o senhor J. irmão do padeiro?
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Mas como se pudesse ler meus pensamentos o rapaz a minha frente disse que o padeiro se
apresentava como irmão do cobrador por causa de um antigo costume da época de infância deles.
Mas o senhor J. se silenciou e não disse uma única palavra.
_sabe Gaby, se é que posso te chamar assim, dizia o padeiro que somente uma borracha pode
deixar seus segredos sob o papel nunca um lápis, pois o mesmo deixa marcas que não podem ser
tiradas.
Como se soubesse o que esta para acontecer o rapaz me deu a penúltima resposta, papel, o papel
que ouve o grito dos desesperados, desesperançosos, que guarda na memória aquilo que jamais
pode ser dito.
E outra vez o meu destino teria uma reviravolta, a ponta de metal cravada em meu peito estava
sangrando e somente agora eu havia percebido. Que tinha muito sangue em minha camisa... Tudo
começou a rodar e rodar e rodar, quando dei por mim estava caída aos braços do senhor J. a
garçonete veio logo nos ajudar creio que eles se conheciam também,... Minha vida estava se
esgotando, e eu não tinha mais o meu rosário e minha meta de viver um ano mais... Cada segundo
parecia uma eternidade, vi que a bula dele estava cheia de sangue também tinha se sujado com o
meu.
O senhor J. Pegou-me em seus braços e foi quando percebi que ele estava mancando de uma das
pernas foi correndo ate um carro e me levou para um hospital.
Oitavo ato
(a ultima verdade)
Papel é aquele que ouve, lápis é aquele que diz, borracha é aquele que leva, mas deixa marcas,
branco são todas as verdades e mentiras, preto é a pureza, madeira é a mutação de todas as coisas.
Papel, branco, lápis, preto, madeira.
De que me adianta saber tudo isso se a uma altura dessas já nem sei qual era meu objetivo quando
comecei, ainda mais num dia como o de hoje, eu uma bela princesa, ele meu cavalheiro, todo
atrapalhado é verdade, mas meu.
E mais uma confusão J me levou ao hospital, mas como fazer o meu registro de entrada, tudo que
ele tinha era um nome Gabriellyi e uma foto numa carteira de identidade, uma pessoa chamada
Claudia morena de cabelos negros, e olhos castanhos.
Quando os médicos já me estabilizaram ele entrou onde eu estava, mas ao contrario do que eu
pensei, ele não disse nada, nem uma única palavra ao respeito, apenas um sorriso.
Um sorriso pode dizer tudo o que tem que ser dito, pode dizer quem é você quem sou eu quem
somos nós.
Gabriellyi, Gabriellyi, donde estas Gabriellyi.
O J ficou ali comigo ate que eu me recuperasse completamente, me levou para a casa, minha
salinha três por três no centro da cidade onde traduzia meus manuais de instrução e conheci o
mendigo poeta e o padeiro da padaria virando a esquina. Foi em uma tarde, eu sentada na soleira
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da janela, com meu charuto cubano e minha taça de uísque quatorze anos, foi assim que pela
ultima vez ouvi sua voz, ele chegou silenciosamente ate os pés do meu ouvido e sussurrou: “ate
outra hora Gaby”. Foi assim que descobri que já me apaixonei nessa minha humilde vida, e foi
entre dois tragos de um charuto cubano que Gaby sonhou e suspirou. Em dois tragos de charuto
que ele se foi para ate outra hora.
Por um instante as tardes frias de julho ficaram ainda mais frias que nunca, com uma pequena
lagrima em meu rosto vesti minha jaqueta Hard hork, desci de minha salinha de escritório e fui sei
la pra onde, quando se tem e impressão de ter perdido algo de valor fica um vazio muito
profundo.
O padeiro notou que já tinha alguns dias que eu não ia ate a padaria comprar meus pães, pensou
então em ir ate minha salinha para ver se eu tinha algum problema.
Pois é mais uma vez eu estava sozinha com meu destino nas mãos.
Disso o padeiro:
_você já sabe a resposta do que eu havia lhe pedido?
_sim, mas o que tem isso a ver?
_esqueça isso tudo, seja seu próprio papel, seu lápis, sua borracha, agora esta em suas mãos mude
seu destino ao seu gosto jovem Gabriellyi.
Nono ato
Meu nome é Gabriellyi, sou a única com dois eles e Yi no final, escritora, tenho um canaro-belga,
um óculos escuro e uma veraneia que comprei com o adiantamento que o dono da editora me deu
para terminar meu livro, não moro mais em uma salinha três por três no centro de belo horizonte,
agora escrevo em meu laptop e viajo o mundo para conhecer novos caminhos.
Veraneio,
Veraneio,
Ao norte me leve,
A algum lugar que possa estar.
Sou Gabriellyi e estou a caminho da argentina, que contos têm na argentina me pergunto, e me
respondo contos que se não tivesse vivido não acreditaria, hospedada no Plaza de Buenos Aires
conheci Gustavo um copeiro, um garoto moreno e de olhos castanhos, que se dizia ser parente de
Che Guevara o maior líder social comunista que esse mundo já vira, nos conhecemos de uma
maneira muito incomum.
Era uma tarde logo que sai do hospital e fiquei aos cuidados de senhor J, no dia em que ele foi
embora de minha vida recebi a seguinte mensagem em meu telefone: “Ñ da mais pra nois agora é
sério acabou .” pensei naquele momento que nunca mais iria ver Julio, meu meio poeta. Quando
recebi o adiantamento da editora quis ir até a argentina e conhecer a historia de Che, quando
estava hospeda no Plaza entre um gole e outro de uísque tive muita saudade de Julio, aquele
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infeliz roubou um pedaço de meu coração. Sabe o vento também chora em Buenos Aires, chora e
chora um vento frio e doloroso, dói tanto que uiva nas janelas do Plaza de Buenos Aires.
Quando já não agüentava mais tentei descobri se aquela mensagem foi enviada a mim por Julio,
aquele que roubou meu maior tesouro, o direito de dormir.
Mas o que fazer?
Não posso ir ate ele, pois ele já tinha ido embora de minha vida, no meio de tanta angustia resolvi
procurar por padre Rulyan, fui ate o telefone da recepção do Plaza de Buenos Aires e liguei para o
padre, já não sabia o que deveria fazer para encontrar meu rosário. E meu peito sangrava, não pela
ferida feita pelo opala azul, mas sim pela magoa deixada pelo poeta.
Padre Rulyan me disse que eu estava esquecendo a maior virtude de ser um branco, estava
ficando cega e com isso não era capaz de ver o que o vento me dizia.
Respirei fundo, e dei um sorriso nunca dado antes, vi em mim que não era nem Gabriellyi nem
Claudia, peguei meu laptop e minha bolsa marrom sai em marcha ate o alto do Plaza de la do
terraço acima da caixa d’água podia se ver toda Buenos Aires, liguei meu laptop e enviei um email
para o emissor daquela mensagem dizendo: “Ñ da mais pra nois agora é sério acabou .” isso
pode acabar com o coração de alguém.
Com isso uma longa historia foi se formando, mais e mais mensagens foram sendo enviadas. E
agora já sei seu nome Gustavo, um copeiro que trabalhava no Plaza de Buenos Aires, uma nova
historia estaria para começar, por durante dias Gustavo e eu fomos trocando mensagens, algo
incomum estava acontecendo entre Gustavo e eu, mas em um imenso imprevisto tive de voltar a
belo horizonte sem poder ver quem realmente era Gustavo. Mas antes que se entristeça meu carro
leitor essa historia esta apenas no começo, essa é a historia de um dos filhos de Che.
Sempre tive uma duvida sobre meu correspondente misterioso: afinal ele era real, você não sabe
as outras mensagens que foram ditas entre nós, mas pode acreditar aquilo era o mais belo de todos
os romances que já vivera.
Décimo ato
Meu nome vocês já se cansaram de ouvir sou Gabriellyi, escritora, poetisa, tenho um canaro-belga
e uma veraneio, agora novamente em minha salinha três por três com meu charuto cubano e
minha taça de uísque sentada à beira de meu laptop, faço contos sobre romances que não
aconteceu, e que aconteceram.
Um aviso nunca chame seu amante pelo nome de seu canaro-belga, isso pode ser muito
complicado depois.
Hoje em meu típico bar próximo a passarela estava em minha mesa tomando o meu Jhony Walker
costumeiro conheci o vendedor de rosas, um rapaz que usava mascara do drama e da comedia
não era possível ver seu rosto apenas se vira os seus olhos azuis e seu cabelo avermelhado, era um
rapaz mudo que se comunicava através de mímica, mas sem ver seus olhos ainda era possível ver
o que estava pensando claramente, era como se ele falasse sem palavras não através de mímica,
mas através do vento, o mais estranho foi nosso primeiro encontro.
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Estava eu Gabriellyi sentada em minha cadeira corriqueira daquele bar ouvindo Ana Carolina,
uma excelente cantora, quando o rapaz entrou e se dirigiu a todas as cadeiras menos a minha,
pensei será que ele julgou que não tinha dinheiro para comprar um misera rosa.
Antes que pudesse me alterar o rapaz olhou bem nos meus olhos e me disse, sem dizer, rosas são
para amantes dar a suas amadas, sorriu e se dirigiu em minha direção, pegou uma das rosas e me
entregou, vi uma lagrima correr pelo seu rosto coberto, meu peito sagrou de tão forte que meu
coração batéra naquele instante, ele tocou meu rosto como a me acalmar e disse, não disse, f...ez
beijou minha alma.
Todos os dias ao decorrer daquele dia estive no restaurante.
Todos os dias tentei entender o porquê os olhos do palhaço choravam sem lagrimas o que ele
queria tanto me dizer, sempre da mesma forma, entrava oferecia a todos os clientes sorria e me
entregava uma rosa, foi assim por um longo tempo.
Certo dia enquanto escrevia meu livro no alto do edifício Oscar Niermaier no centro de Belo
Horizonte, era meio difícil convencer os seguranças e me deixarem subir, mas eles quase nunca
me viam, estava muito concentrada quando padre Rulyan tocou meus ombros e sussurrou em
meus ouvidos: “você esta tentando cair la embaixo!”. Com o susto quase que eu caio mesmo,
padre Rulyan me perguntou o que eu havia conseguido com minha viagem para argentina, mas
eu não fui capaz de dizer nada, afinal o que eu poderia dizer sobre uma mensagem numa garrafa,
padre Rulyan me disse que eu deveria definir um novo caminho, pois ninguém pode ficar sem,
afinal um riu em um remanso nunca chegara ao oceano, ele costumava, padre Rulyan costumava
compara as fazes da vida com os cursos dos rios, era como se cada variação da vida fosse como
um ponto de um riu e não deixa de ter uma imensa semelhança é claro.
Meu nome é Gabriellyi tenho um canaro-belga, e uma salinha três por três no centro de Belo
Horizonte, sou uma escritora edificalmente famosa não tem uma pessoa no meu edifício que não
me conheça, na portaria tinha um velho chamado Sô Zé barrigudo e de cara de maus amigos, no
segundo andar tem a dona Maria também conhecida como o jornal do edifício, no quarto a direita
da escadaria morra Giovanna uma garota meio atrapalhada sempre tem um namorado novo,
quase toda a noite, no terceiro andar mora Emanuell um rapaz de vinte e poucos anos e muitos
amigos, geralmente aparece um pessoa na porta do apartamento dele oferecendo algo de estranho
um computador, uma jóia e de assim por diante, no oitavo andar tem dois rapazes muito felizes e
apaixonados, um pelo outro, no quarto ao lado tem uma porta que nunca se abre para ninguém
nunca vi quem morra naquele apartamento, mas sei que isso pode mudar o mundo.
Toda manha quando acordo vou ate a padaria virando a esquina compro dois pães e subo para
minha salinha, depois eu vou ate o alto do edifico Nier Maier e começo a escrever, a tarde eu vou
ate um restaurante onde costumeiramente tomo minha taça de uísque as cinco da tarde, era a hora
do happy hour, depois eu retornava à minha salinha de escritório costumeira vi naquele momento
que minha vida era muito monótona e não tinha nada que eu pudesse fazer para mudar isso já
havia virado um circulo vicioso onde todos os meus acontecimentos eram previsíveis com exceção
de que sempre que eu achava que nada mais poderia acontecer em minha vida algo realmente
novo acontecia.
Foi mais ou menos assim: era uma tarde de domingo num mês de julho, como de costume frio,
ventava bastante e eu estava atrasada para chegar a na minha salinha no centro de belo horizonte,
por volta das seis horas da tarde, dezoito horas, eu estava com minha bolsa marrom e minha
jaqueta preta, usando um perfume que recentemente ganhara do padeiro, um Movu de Boyer,
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muito bom por sinal e recomendação minha. O vento quando não é escutado costuma ser muito
escandaloso sabia? O palhaço vendedor de rosas vinha em sentido oposto ao meu, e o vento
carinhosamente o empurrava em sua direção, quando dei por mim uma folha de jornal esbravejou
se em meu rosto, e como sou muito equilibrada fui logo em direção ao chão, mas o palhaço
vendedor de rosas me parou antes que eu caísse, em seus braços pude notar como ele realmente
era forte, por causa de suas roupas não era possível imaginar as nuançais de seu corpo, mas agora
uma vez em seus braços não queria mais sair, sinto o calor de seu corpo próximo ao meu e
percebo que seus batimentos estavam acelerados e sua respiração ofegante.
Meio sem jeito os dois logo se colocaram em seu lugar, mas o que Gabriellyi não esperava era que
encontraria nos braços do palhaço vendedor de rosas o amor de sua vida, eu Julio o senhor J, em
um súbito instante Gabriellyi percebeu que o calor dos braços do palhaço era o do meu que ela
nunca tinha esquecido.
- senhor j.? Porque você me deixou?- perguntou Gabriellyi com um ar ofegante saindo de sua boca,
um sorriso e uma lagrima de seus olhos.
- Foi preciso- disse a ela- não havia respostas que poderia entregá-La, e que não queria mentir para
ela e menos ainda se desculpar.
- Não o compreendo senhor j, nós nos dávamos muito bem.
- Gaby não é isso eu tive que me ausentar de sua vida para não te prejudicar, tenho passado por
muita coisa ruim, lamento se te magoei.
Depois de discutirmos muito, ela pegou meu cabelo da nuca e me puxou para diante dos olhos
dela, deu um sorriso meio fogoso. Logo em seguida me afastou e me negou o beijo então
anunciado.
Agora quase sem fôlego por causa dos olhos dela dentro dos meus, já não possuía mais nenhuma
reação, eu me movia de acordo com os brilhos dos olhos delas. Aqueles olhos bailavam e
cintilavam e eu dançava uma valsa interminável. Já era então um lobo domado aos caprichos de
minha senhora, agora que sentença a mim estava incumbida?
- Sabe senhor J eu poderia lhe deixar aqui agora mesmo e fazer de conta que você nunca existiu
em minha vida, mas eu estaria me sentenciando a uma dor muito maior de que a que eu sinto
nesse momento. Por isso me de apenas uma resposta: você me ama?
Os olhos ate então adoráveis de Gaby serraram-se e me fitaram de forma a me subjugar, meus
pensamentos já não eram mais apenas meus, ela poderia ver todos, meus medo de dizer que sim e
estar condenando não só a mim mas a nos dois a um romance sem sentido, meu medo de dizer
não e condenando a mim a incerteza de que se tivesse dito sim seria perfeito, mas também a
duvida de que se disser que sim estaria abaixando minha guarda para que ela pudesse dizer que
não poderíamos ficar juntos, se disser não correria o risco de me prender mais ainda a ela. Meu
deus me ajude a dar a resposta certa?!
- Senhor J não me de essa resposta agora, por favor sinto que a um medo dentro de seu coração e
não quero fazer nada que possa nos prejudicar, se você foi embora noutro dia é porque tinha
algum motivo, que não cabe a mim saber
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Décimo primeiro ato
Um pequeno pedaço de papel, com poucas palavras que dizem muitas as verdades, é assim que
são preenchidas as contas do rosário de um branco, cento e oitenta contas cada uma com uma
meta, mas no meu ao contrario avia um reconte de um livro que lera há muitos anos atrás.
Nunca chame seu amante pelo nome de seu canário isso pode doer muito certas horas do dia.
Estava eu Gabriellyi sentada no para peito da janela de meu apartamento pensando porque diabos
eu comprei aquela veraneio e não uma casinha para que eu pudesse ter mais espaço pra respirar,
foi quando o meu canaro-belga começou a cantarola em um ritmo muito frenético foi tanto que ate
mesmo a dona Maria se deu ao trabalho de subir ate o nono andar de onde se localiza minha
salinha três por três para me pedir que “mate esse pássaro insuportável”.
Você já quis chorar sem motivo algum? Se não ai vai um bom motivo: alivia o peso da alma e da
mente.
Veja bem eu Julio até então nunca me senti assim, estava diante de uma duvida cruel: pastel de
carne ou frango?
Claro tinha também o senhor padeiro um pouco chateado com minha duvida, tão chateado que
me perguntou o porquê eu não levava o de sempre, camarão.
Ta ai!
- O seu cabeça dura! Não quero saber o que é que esta te perturbando, mas vê se toma logo uma
decisão antes que seja tarde demais.
- O de frango tem batata também?
- O que?
- Serio, tem ou não tem?
- Se tiver o senhor pedi e vai embora?
- Se eu lhe disser que sim, o senhor vai fazer um com batata para que eu vá embora.
- Sim!
- Pois eu não quero que o senhor faça um de frango com batata, eu quero é saber se tem batata no
de frango.
- Tem.
Lembrai sempre as
tardes frias de
julho, pois elas são
como os corações
que não puderam
amar. (AJONeto)
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- Então me de um de carne. Por favor.
Isso pode lhe parecer estranho, mas eu como para poder pensar melhor. Mas pensar em que eu
gosto dela e ela de mim, por isso só tem uma resposta. Mandar o padeiro trocar o de carne por
camarão.
Ta ai uma coisa que nem com todos os meus anos de branco eu consigo entender, depois de
conversar com a mala da dona Maria decidi dar uma volta para esfriar a minha cabeça, só que
como o elevador de meu prédio estava quebrado fui pelas escadas, quando ganhar a outra parcela
do adiantamento do meu livro eu compro uma casa, enquanto passava pelo oitavo andar sabe
quem eu vejo? O cobrador tarado namorando, ai eu pensei que o levou a isso? Não importa não e
da minha conta mesmo. E pensar que eu achava que ele estava me tarando.
Ao passar pela padaria virando a esquina um moleque veio até a mim e me entregou um bilhete,
era o padeiro me chamando para ir novamente até o local da outra vez.
Chegando ao lugar indicado percebi que o padeiro estava em uma beira córrego olhando algo
muito concentradamente.
Após alguns instantes olhando aquele córrego perguntei:
- O que você tanto olha para esse córrego?
- Você não consegue ver?
- Não, se não eu não tava perguntando!
- Há alguns anos atrás passou pela padaria um geólogo pela minha padaria, e ouvi ele dizer que
nessas montanhas passava alguns monções de ar quente.
- E o que tem isso a ver com esse rio?
- Me diga qual a direção para onde todo rio corre?
- sempre para o lado mais baixo, ora!
- E para que lado fica a base desse monte?
- fica... O que? Esse rio esta na direção do cume?
- Exatamente usando essas monções de ar eu mudei o curso desse rio, e se você o acompanhar ate
a parte alta vai encontrar uma cachoeira que cai para cima.
- Mas porque você fez isso?
- uma vez ouvi um monge árabe dizer que no dia em que um homem puder fazer um rio correr
em sentido oposto esse seria tão grande quanto Muhammad.
- Você quis se equiparar a deus?
- Não, mas quis provar a mim mesmo que nos somos quem decidimos o curso de nossos rios - e de
costume branco comparar o curso vida a o curso de um rio – quando os segredos de meu irmão
foram descobertos, quando eu descobri que não poderia realizar mais meus sonhos, quando
descobri que jamais teria o amor de garçonete minha vida estava um holocausto eu já tinha
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perdido tudo, eu ainda não era dono daquela padaria, e foi nessa época que o geólogo e o monge
passaram por la e mudaram minha vida.
Escuta Gabriellyi meu nome é Miguel – e também de hábito branco o uso de nome de anjos, os
guardiões de todos nos – tenho reparado que você esta deixando o seu rio tomar o curso de sua
vida, por favor, não o deixe.
- Só mais uma pergunta Miguel. Você é um branco?
- já conheci aquele bastardo do padre Rulyan, no meu passado.
- Porque você fala assim de padre Rulyan?
- A algum tempo atrás, quando todos esses tristes acontecimentos aconteceram, padre Rulyan veio
ate mim tentar me tornar um branco, ele me deu uma espada e um rosário.
- E o que foi que te aconteceu depois disso?
- Fui ate minha casa, peguei minha espada e cortei meus pulsos e com o rosário me enforquei.
- Nossa! Mas e depois disso?
- Os para médicos chegaram antes que eu tivesse me esgotado de meu corpo. No entanto padre
Rulyan ao invés de me ajudar a me recolocar ele me tomou a espada e disse que eu não tinha
diguinidade para ser um branco.
Ousa Gabriellyi quando estiver em sua casa leia o que esta escrita em sua espada, e depois, leia o
que está escrito no medalhão que padre Rulyan guarda em seu peito.
- Porque disso?
- Você vera e achara o que esta procurando.
No caminho de volta para a minha salinha três por três o padeiro me levou de carro, chagando na
rua de onde eu me residia um estranho acontecimento, uma ambulância e o poeta mendigo vindo
em minha direção.
- Gaby o senhor J esteve aqui e passou muito mal e agora esta sendo levado para o hospital.
Rapidamente o padeiro se dispôs a me conduzir ate aquele hospital e levando também o poeta
mendigo. Chegando ao hospital estava o irmão de senhor J sentado e chorando, dizia ele que
aquilo era culpa dele, que quando o senhor J fora visitar-me teve um encontro imprevisto com ele
e seu amor.
Neste pequeno instante tinha diante de mim os quatro personagens de minha historia o poeta
mendigo, o padeiro, o cobrador tarado, e senhor J o vendedor de rosas.
Vieram-me em minha mente as seguintes perguntas:
O que o poeta estava fazendo em meu prédio?
O que o vendedor de rosas fazia em meu prédio se eu não estava por la?
O que o padeiro queria dizer com aquelas historias?
E o principal, o que o vendedor de rosas teria visto?
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E logo em seguida as respostas saltaram em minha frente. O poeta me disse que a outra parcela de
meu livro tinha sido liberada para mim e que o editor queria me ver era algo muito importante; o
vendedor de rosas tinha ido me dar a minha resposta e não sabia que eu tinha saído de minha
residência, quando chegou ate o prédio viu o irmão com quem já não conversava a muito tempo,
para ser mais preciso o irmão tinha sido o motivo dele ter desaparecido de minha vida e ter
começado a vender rosas. A família descobrira o segredo do cobrador e uma imensa guerra se
instalou naquela casa e para fugir disso o vendedor de rosas sumiu de seu mundo para não ver
tanta desgraça, e quando chegou a meu prédio havia visto seu irmão mais outra pessoa, que ele
julgava insolúvel, se entranhando nos corredores, por função disso seu coração não suportou e
teve um ataque fulminante.
Perguntei ao padeiro, pois o mesmo era irmão de consideração do senhor J, o que havia ocorrido
de tão grave assim na vida de J que o fizera desaparecer.
- Veja bem Gabriellyi, quando a historia de meu irmão veio à tona o mundo de J se tornou um
holocausto, a mãe de coração fraco não suportou a preção e o desespero do pai por tal
desapontamento, pois meu irmão ao contrario de J era o orgulho de seu predecessor. Quando J
decidiu que iria desaparecer ficou meio receoso, pois havia encontrado o amor de sua vida e não
queira que você se ferisse com tanta desgraça como a que estava acontecendo em sua vida.
Décimo segundo ato
O som do trovão e bem parecido com a batida de um coração. Pum
Pum
Puuum
P....u.m
Um
O coração costuma sempre nas horas mais difíceis encontrar um novo problema a ser solucionado.
Naquele dia no hospital em meio muito desespero veja bem que personagem me aparece; o pai de
J e do cobrador, um homem de meia idade, muito conservador por sinal, entrou pela porta da sala
de espera do hospital de maneira a estourar o chão, parecia com uma daquelas torreadas da
Espanha, sua respiração era como o bufar de um búfalo hindu, eu quase não conseguia entender
suas palavras pois pareciam com pregos sendo cuspidos.
Aquela bagunça foi aumentando cada vez mais de tal forma que meu coração começou a palpitar
mais forte, e mais, e mais, quando me deparei com o padeiro me convidando a sair daquele
ambiente, pois sem que eu percebesse meu coração já estava começando a sangrar novamente.
Ora meu deus como pode em meio a tanta desgraça uma pessoa se preocupar em guerras pessoais
ao invés de se preocupar com o senhor J que estava naquela maca entre a vida e a morte.
Décimo terceiro ato
Era uma tarde como em todas as outras tardes que acontecem coisas que não estamos
acostumados a entender, o padeiro me convidou a me retirar daquele hospital que estava me
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incomodando, e por incrível que pareça me convidou a ir ate o restaurante onde ele contemplava
seu amor impossível.
Gabriellyi e como costumam me chamar a única com dois eles e Yi no final, a única entre pelo
menos umas duzentas mil pessoas, e você deve estar se perguntando o porque eu insisto em me
apresentar em minha historia já que bastaria você rever o que já foi mencionado e você me
conheceria.
No restaurante. Logo de cara um pequeno copo contendo meu uísque costumeiro e duas taças de
vodca, e para meu acompanhante um copo de suco natural, meio estranho e melhor não comentar,
bebemos e contamos junto ao musico que ficava próximo a entrada daquele recinto.
Bem ao longe era possível perceber uma pequena gota de lagrima nos olhos de ambos, eles se
queriam mais preferiam sofrer veementemente a se dar por vencidos pelo amor.
O padeiro ao contrario de nossos outros encontros casuais não disse nada a respeito de minhas
doutrinas. E ao contrario do que esperava ele disse apenas que aquele era um momento único,
pois ele estava para se despedir da garçonete para sempre.
Como pode algo tão cruel assim assombrar o destino de um homem. Ele se levantou e foi ate o
carro pegar um pequeno envelope pardo contendo alguns documentos, veio ate a mim e disse que
era para que eu fizesse uma dedicatória para ele quando terminasse esse livro, me entregou o
envelope e se dirigiu em direção ao carro, passo a passo eu fui contando e um pequeno sorriso
como o de alivio saiu de seu rosto, ele se virou ergueu a mão como a dizer um adeus precipitado e
um corro veio em sua direção. Meu deus aquele barulho era ensurdecedor, um grito de dor e
agonia, sangue para todos os lados, o motorista do carro com a mão na cabeça sem acreditar no
que estava acontecendo, e drasticamente um silencio, a garçonete deixou a bandeja que carregava
cair, fechou os olhos respirou muito profundamente, dava para sentir um nó subindo por sua
garganta, e durante aquele silencio, um grito: NÃO.......! Tinha ante meus olhos a garçonete de
joelhos sem entender o que havia acontecido com aquele rapaz.
No envelope pardo duas cartas, em uma a escritura da padaria com os dizeres: “aproveite sua
nova chance, pois não aproveitei a minha”.
O outro envelope, uma carta para a garçonete pedindo perdão por tudo o que ele havia feito a ela
sofrer por causa de seu amor.
Décimo quarto ato
O príncipe e o mendigo. Não sei bem ate hoje sobre o que se trata me parece ser a historia de um
mendigo que troca de lugar com o príncipe, o povinho retardado confundir duas pessoas a ponto
de trocar o príncipe pelo mendigo ora! O que nos leva a crer que a senhora rainha tinha um belo
par de chifres incrustados em sua coroa.
Era uma manha de domingo, fria e sorrateira como as manhãs de domingo de julho, veio ate
minha salinha três por três o senhor poeta, veio muito bem trajado e com muita pressa. Por causa
dos últimos acontecidos, o senhor J e o padeiro, ele não consegui me dizer que o editor tinha
marcado uma reunião urgente naquela manha, e que era para que eu me preparasse o mais rápido
possível, pois iríamos sair.
O grande encontro! Grande uma bosta! O carinha meio desajuizado esse editor, vê se pode nunca
se deve perguntar a um escritor o que ele esta escrevendo, ainda mais quando e sobre a vida de
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um pequeno conglomerado de pessoas. De maneira graciosa e singela eu o sugeri que aguardasse
com muito carinho, pois muito em breve eu estaria terminado de escrever meu livro, ai somente,
ele iria fazer a edição e a impressão do mesmo e poderia depois desse pequeno percurso ler meus
escritos.
Quase que o editor me jogou pela janela do escritório, sabe um escritor não gosta que o perguntem
sobre o que esta escrevendo antes que ele termine, mas um dono de editora não gosta nem um
pouco de escritores cismados.
- Sabe Gabriellyi hoje você recebera a segunda parte da sua ajuda de custo para que possa escrever
o seu livro. Mas eu lhe peso que seja um pouco mais breve, o quanto mais breve possível.
Já faz mais de três meses que nos encontramos para dar inicio a seu trabalho, e você já tinha uma
boa parte do manuscrito pronto.
Peguei o adiantamento, e me levantei em silencio para não prestar atenção a tanta ofensa, ora um
jogadora de futebol tem noventa minutos para defender o seu time e nem por isso ele sai por ai
fazendo cagada o por sinal só pioraria a situação.
Ao sair do escritório tive uma curiosidade onde o mendigo peta morava agora, e como minha boca
fala mais do que eu:
- Escuta aqui poeta onde é que você esta morando agora?
- Um! Veja bem agora eu voltei para minha casa.
- E onde ela fica?
- Vamos ate la e você descobre.
Ele entrou em um carro preto muito bonito por sinal, era um importado daquela montadora
japonesa, andamos por um bom tempo ate chegarmos a uma casa muito grande na região da
Savassi, zona sul da capital mineira. Tive a ousadia de perguntar a ele se ele estava trabalhando
naquela casa como motorista.
- Não minha jovem Gabriellyi eu e que sou o dono dessa pequena casa, e de mais outras cinco,
também nessa região.
- Mas porque o senhor virou mendigo?
- Minha família só sabia adorara ao dinheiro, que nem sequer era deles. Por isso eu peguei e deixei
tudo o que esta aqui diante de seus olhos por conta de uma pessoa, que seria sua legitima dona só
que eu usufruiria desse luxo ate minha morte.
- E quem e essa pessoa?
- Uma escritora, uma sonhadora, alguém que não desistiu de tudo como eu desisti.
Depois daquele dia eu nunca mais vi o poeta.
Décimo quinto ato
Vamos ao desfrecho dessa historia.
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Gabriellyi é como me chamo Gaby que um dia foi Claudia, que um dia foi morena, que hoje e
ruiva, que ama um vendedor de rosas, que se ama, que escrevera um livro, que vendera mais que
PF em restaurante de bairro, que vai se tornar a maior de todas as escritoras que não existiu.
Agora com minha maquina de escrever sob um balcão de padaria dada a mim pelo senhor padeiro
que movia rios ao seu contrario, e que contava coisas sobre uma garçonete de olhos como os de
Tutancâmon, que era sua diva e que como as divas não podiam ser tocadas e sim adoradas
somente adoradas.
Conheci em certa manha um rapaz com cara de porquinho cor de rosa, que era meio desajeitado,
mas que também escrevia livros sobre coisas que não poderiam ser ditas a ninguém.
Conheci o lado poeta do tarado cobrador de ônibus.
E conheci sua historia sem sabem que naquele instante, em que ele me pedia um copo de café
pingado eu ia conhecer o caminho para o qual eu estava buscando.
Décimo sexto ato
Creio que já deve ter notado que essa idéia do editor de andar mais rapidamente seria uma
desordem e a historia perderia toda a sua graça.
Foi em uma manhã por volta das dez horas, um rapaz meio cor de rosa veio a padaria e me viu
escrevendo esse livro que agora você esta contemplando. Ele me pediu um copo com café pingado,
e sem saber que aquele café era novo, pois em minha padaria não se vende café velho, ele estava
se queimando todo pela pressa de sair diante de mim.
Eu por outro lado fui ate minha estufa e peguei um pastel de frango e o servi e pedi que não
tivesse presa, pois queria noticias de seu irmão.
- Sabe escritora, meu irmão morreu.
- Como?
- Quando aconteceu toda nossa historia, ele decidiu morrer, morrer mais não fisicamente, ele
deixou todo o passado, e naquele dia la no hospital foi a primeira vez em que meu pai o vira
depois de tanto tempo.
Foi a mais ou menos na época em que você se acidentou me lembro de ter visto você no hospital,
pouco tempo depois muita coisa aconteceu e quando ele estava correndo para se recuperar ele viu
um rapaz com um porte físico semelhante ao dele ser mutilado por um carro em alta velocidade,
era algo irreconhecível, nesse momento ele foi embora de nossas vidas e deixou aquele rapaz para
morrer em seu lugar.
E agora depois de muito tempo aquele velho sarnento o encontrou novamente, e com certeza fará
da vida dele um inferno, até que ele morra por desgosto da vida.,
- E onde ele esta nesse momento?
- Em casa aos cuidados daquele velho.
- E onde fica?
O cobrador poeta me deu um cartão com um endereço e saiu sem terminar o café.
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Bons mortos
Bons mortos
Em vezes mais vimos que os vivos
Em vezes mais vivos que muitos mortos
Bons mortos que ainda não morreram
Décimo sétimo ato
Casa edifício que se destina a habitação; família; morada; estabelecimento; bens; abertura em que
entram os botões da roupa; botoeira; posição dos algarismos de um número.
Em um dicionário casa pode ter vários significados muito interessantes, mas nenhum deles
descreve o inferno como habitat natural humano. Conheci em minha jornada o vendedor de rosas,
que tentou reiniciar sua vida apartir da morte, não adianta eu aprendi isso a vida e muito
traiçoeira, certa vez uma pessoa me disse que eu deveria dar tempo ao tempo, veja bem o tempo
que dei ao tempo foi por volta de vinte e sete anos de minha vida, e ele o que me deu em
retribuição ao meu presente?
Em uma rua de um lugar, em uma cidade chamada de ribeirão das neves, uma brisa e uma certeza.
Após andar por horas tentando encontrar o endereço dado a mim pelo cobrador veio um vento
forte, muito forte, que me roubou o papel contendo o endereço do vendedor de rosas e o jogou por
sobre um muro.
Pode parecer muito estranho para você meu caro leitor, mas eu tentei subir aquele muro para
pegar meu cartão, depois de alguns esforços inúteis, o portão se abriu e adivinha quem estava la
naquele portão?
Ele mesmo, ninguém mais ninguém menos que o editor que iria publicar meu livro. To brincando
quem saiu pelo portão foi o senhor J.
Quem iria acreditar que eu um vendedor de rosas teria aquela visão ao amanhecer, era ela minha
musa, a garota de cabelos negros e olhos castanhos, de pele morena e vestido vermelho, de sorriso
de menina e olhar de mulher, o vento trouxe a mim o cheiro de sue perfume que parecia com o
pecado dos homens, que poderia levar creio que não somente a mim, mas a qualquer outro
homem a loucura ao desespero.
- Ora que forma e essa de receber uma visita senhor J?
- Hum? A ta entra? - Respondi todo encabulado não que essa fosse a primeira vez que nos
víssemos, mas eu fiquei anestesiado com aqueles olhos e incapaz de pensar corretamente.
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- Vai ficar ai parado falando sozinho? Primeiro você esta no portão e me diz como eu vou entrar?
E segundo a casa e sua me conduza.
Ao adentrar na casa de senhor J vi bem aos fundos os gritos de um asno, e os ronronar de um
mesmo porco, entusiasmado com seus próprios granidos. O senhor J já meio sem graça pela visita
inesperada pediu-me que sentasse em um sofá repleto de cadernos infanto juvenis, provavelmente
de uma criança que estivesse cursando uma serie do primário.
Após alguns instantes sem nada a dizer e meio titubeante o senhor J veio ate mim e me pegou
pelos braços e me conduziu ate o portão da casa e me levou ate um bar que havia pelas
redondezas. Já todo sem jeito o senhor J me pediu desculpas pelos acontecimentos, e me
perguntou o que havia me levado ate aquele lugar.
Depois de alguns instantes sem nenhuma palavra o respondi com outra pergunta
- Se não sabe por que não pergunta ao vento?
- Ao vento por quê?
- Foi ele que nos conduziu desde o principio naquela passarela, e antes disso foi ele quem limpou
o céu para que o opala azul me atingisse.
- Ele me deu o seu cartão e lhe trouxe ate mim, ele me jogou ao chão naquele dia sombrio, e ele lhe
mostrou onde eu morava o vento é sem sombra de duvidas o nosso maior ajudante.
- Sabe Gaby agora eu já me recuperei do que me aconteceu aquele outro dia, e pretendo voltar a
minha vida antiga, não a do residente deste bairro, mas sim a de mercador de flores.
- Mas e quanto a nos dois?
- Já te respondi.
- Não entendo.
- Você conheceu há algum tempo atrás um mercador de flores que trabalhava em uma floricultura
próxima ao seu restaurante de costume. Num certo dia em uma passarela vocês dois se cruzaram.
- Um! Isso parece ser bom. Mas o que você pretende fazer com essa garota que o vendedor de
rosas conheceu na passarela?
- Ora Gaby. Só tenho uma alternativa.
- E que alternativa seria essa?
- Chamar essa garota parra viver comigo. Mas tenho uma duvida; o que ela me diria se eu fizesse
esse convite?
- A! Não sei.
- O vamos fazer o seguinte então. Eu sei por você.
- E o que você sabe?
- Tome essas chaves, nelas estão o endereço de onde eu morro quando não estou aqui nesse
inferno. Se você pensar que convém será muito bem vinda, essas são as chaves de sua nova casa.
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Décimo oitavo ato
Atos finais
Gabriellyi é como eu me chamo, sou a mais bela escritora que esse mundo já viu. Gaby e como eu
sou chamada por aquele que escolheu me amar, agora minha historia esta chegando ao seu
enceramento e tenho a triste noticia de que quando eu cheguei ao meu prédio onde esta a salinha
três por três vi à minha porta uma carta escrita pelo cobrador e junto a ela seu corpo.
Sabem não sei por que as pessoas tendem a se despedir de mim por cartas. Aquela foi sem sombra
de duvidas algo muito perturbador que tive diante de meus olhos os dois pulsos cortado e
estirado em forma de crucificação, o que havia na carta lamento mais não posso contar a ninguém
senão ao senhor J meu canaro-belga.
Sei apenas que ele pedia desculpas pelo o que aconteceu ao seu irmão e que era para a irmã mais
velha cuidar da mais nova, pois sabia ele que com aquela sena estava condenando o pai à morte e
se absolvendo de seus pecados, sabia também que assim então o vendedor de rosas poderia ser
feliz com que escolheu amar.
Lembrai sempre dos pássaros canoros,
Lembrai sempre dos dias sonoros.
E nunca se esqueça
O sol não pode se estender além do dia,
Nem a lua além da noite.
E!
Se puder durma o mínimo possível,
Não temos toda a vida.
Temos apenas a esperança da morte,
Do fim dessa tortura.
O mal fugaz,
Que mal lhe fiz
Para me prender nessa não vida
Infeliz
Sabe não creio que a mal pior que saber que uma vida foi tirada em função da sua, as pessoas
persistem em dizer que foi lindo ele ter desistido de sua vida para salvar ao próximo, e de fato
nesse pedaço não estou me referindo ao cobrador e sim ao que fundamentou essas historia, Cristo,
o ser humano e tão egoísta que acha isso Bonito e usa o mesmo para se afortunar, criar grandes
igrejas e comercializar dons e bênçãos, ridículo tanto quanto o que estou para descobrir.
Certa tarde enquanto escrevia essa historia me lembrei do padeiro e do que ele me aconselhará a
fazer. Peguei minha espada que há muito tempo estava guardada por sob um amontoado de
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livros e a desembainhei, nela estava escrito; “não é a espada nem quem a empunha e sim a forma
que a vê”.
O que poderia dizer essa frase, a mim ela não fazia nenhum sentido.
Guardei aquilo comigo por durante alguns dias, sem poder pensar direito no acontecido, ate que,
certo dia estava no restaurante costumeiro, mas não havia pedido nada, no entanto enquanto
olhava para a garçonete ainda desolada pelo fato do padeiro ter desistido cedo demais, percebi o
que aquela frase queria dizer.
- Hufins!
O importante não é como si faz algo nem quem o faz, o ato do padeiro ter desistido na verdade foi
uma forma desesperada de dizer a ela que ela também o amava como ele a amava, essa foi à forma
que ele encontrou para fazer com que ela pudesse enxergar isso.
Logo que sai do restaurante fui ate o padre Rulyan e pedi a ele que me mostrasse o seu colar, claro
dei a ele um motivo para fazer isso já que o mesmo nunca mostraria o a mim se suspeitasse que eu
acreditasse que aquilo era sua espada.
Quando eu vi as escrituras no medalhão perguntei a ele o que aconteceria se um branco tivesse
sua espada revelada, e ele me respondeu que o mesmo deveria entregar seu rosário e sua espada.
Imediatamente em um súbito sentimento estendi minha mão e retirei toda expressão de menina
que continha meu rosto, e o disse que era à hora então de entregar-me seu rosário, ou melhor, o
meu novo rosário.
Décimo nono ato
Poder dizer quem realmente somos pode parecer algo muito fácil para um ótimo grupo de pessoas, mas
você sabe realmente quem é você? Veja bem desde que enunciei minha tênue historia contei coisas sobre o
meu veemente encontro com um rapaz desconhecido, sobre o titubeante gesto de carinho que o vento
orquestra para nossos destinos e sobre o padre Rulyan o vassalo de minha historia, disse coisas que em
inúmeras vezes divagamos em nossos destinos, e deveras que muitas vezes ele pode conter finais
realmente trágicos, mas lamento dizer que todas as tragédias até aqui descritas ainda estão no seu principio.
Agora eu Gabriellyi com minha padaria, dada à mim pelo padeiro cujo nome eu ainda não compreendo,
com um ótimo livro recordista de vendas, com minha veraneia e com minha casinha humilde na região da
Savassi, isso mesmo agora eu tenho uma casinha na Savassi, mas lamento a forma que a conquistei.
Era por volta das seis e pouco da manha de terça feira, à uma semana do lançamento de meu livro, um
senhor de idade com seus sessenta e poucos anos à bateu porta de minha salinha três por três no centro de
belo horizonte e veio me trazendo à triste noticia de que o notório mendigo poeta havia falecido de
desgosto, por causa de um rapaz que se dizia ser seu filho e que estava obcecado pelo dinheiro do poeta.
Aquela noticia fez me lembrar que logo não tardaria minha família buscar pela minha pessoa e por minhas
conquistas, deveras que as pessoas são muito gananciosas e depressivas, e aqueles que um dia se livraram
de mim hoje buscarão pelo meu poder.
Hoje eu sou quem esperava ser tenho novamente meu rosário e um bom lugar para me abrigar e ate
mesmo o meu canário-belga senhor J tem um bom lugar para residir, um viveiro maior que minha antiga
residência, tem também, não posso esquecer-me de destacar, o amor de um vendedor de rosas que escreve
livros e pinta quadros, ama poemas líricos e musicas erudita, é deveras ele era perfeito.
Tantos ditos e tantas fábulas que quase chego a acreditar que a vida é realmente perfeita.
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Vigésimo ato
Sou Gabriellyi foi isso que disse no dia do lançamento de meu Best book, em uma sexta feira sanguinária.
Um homem, um senhor de bigodes, um barrigudo sem filhotes, ele, humhum!!!
- Claudia – foi assim que o senhor de bigodes aranhas me chamou – Claudia!
- Meu bom homem eu me chamo Gabriellyi com dois eles e Yi no final – respondi de maneira seca e fria,
não queria estender meu dialogo com aquele senhor – meu senhor não atrapalhe a fila há mais livros para
que eu autografe.
- Mas Claudinha, sou eu seu pai. - Respondeu-me como todo bom vendedor de magazines.
- Já disse meu nome, por favor, o próximo.
De maneira assustadora o senhor atravessou a mesa onde eu estava assentada – ouça aqui sua fingida você
sabe bem que eu sou seu pai agora para com essa palhaçada!
É engraçado o que o dinheiro é capaz de fazer, não acha? Muitos dos que já trouxeram os seus livros
queriam que eu fosse sua amante, mas esse senhor de bigodes aranhas quer que eu seja sua filia.
- Meu bom homem, por favor, não se exponha mais ao ridículo, sou Gabriellyi, a garota do vendedor de
rosas da grande Savassi somente isso.
Tão logo terminada aquela cena abominável o segurança da livraria onde eu lançava meu livro conduziu o
senhor de bigodes aranhas para fora daquele recinto.
Sabe hoje é o lançamento do livro de minha amada Gaby, um estranho evento aconteceu-me hoje, um
senhor de bigodes aranhas veio ate a mim com um ar de sarcasmo, dizia ele que eu estava roubando o seu
maior tesouro.
Não sabe ele que eu estou mais duro que mármore.
- Escuta aqui seu pivete das pernas tortas! Claudia e minha filia, e você me faça o favor de parar de
confundir ela com essa historia de Gabrieli. Ridículo, mudar o cabelo e pensar que é outra pessoa.
- Meu bom homem de bigodes de vassoura de limpar vasos, Gaby é minha futura esposa e eu não sei e
muito menos quero saber quem é o senhor, pois me faça o favor de sair de minha loja agora.
- Meu rapaz eu creio que é melhor você olhar com quem esta falando, pois eu sou o pai de Claudia.
- Pois bem senhor pai de Claudia vai caçar quem te quer. E tenha um mal dia.
E num súbito levante o senhor de bigodes aranhas se desferiu de minha frente, diria que como a cuspir
baratas, não crendo ele no que acontecera duas vezes seguidas, eu Julio e Gaby não nos atrelamos a um
súbito emergir de um velho decadente e ganancioso.
Mas deveras que o homem não é tão simples assim de se desfazer, o senhor de bigodes aranhas foi varias
vezes ate minha floricultura, e a cada ida trazia mais desaforos e desagrados na infortuna tentativa de me
fazer por vencido, como se fizesse alguma diferença dele ser ou não o pai de Gaby.
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Vigésimo primeiro ato
Prosopopéias e devaneios críticos
Meu bom mestre e mentor padre Rulyan
Queria pedir-te uma orientação, lamento que seja por carta,
mas é necessário falar contigo.
Como pode ter observado mudei meu riu, mas cheguei a
uma bifurcação, e agora não sei qual caminho seguir.
Tenho em minhas mãos tudo o que eu esperava, mas não
sei se é realmente o que eu quero, tenho o meu vendedor
de rosas e novamente meu rosário, mas seria isso mesmo o
que eu queria.
Lembro-me hoje do dia em que o senhor me tirou o meu
rosário e me deu a missão de encontrar um novo destino.
Veja o destino que eu encontrei, tenho uma morada
invejada por muitos e um ótimo livro, tenho também
minha padaria e meu vendedor de rosas.
Contudo não tenho mais o padeiro e nem o poeta tenho
menos ainda o cobrador e deus sabe la mais qual preço eu
terei que pagar por esses presentes que o destino me cedeu.
Ass. Gabriellyi Claudia
O destino dos homens é como o destino dos lobos, triste e solitário, às vezes para se ter o que
sonha temos que abrir mão de tudo o que temos.
Mas até quando esse preço é valido?
Hoje eu tenho tudo o que imaginei ter quando ganhasse meu rosário de prata, mas em troca disso
tive de abrir mão do pouco que conquistei.
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Minha adorável aluna Gabriellyi
Gostaria que soubesse que o fato de ter lido o meu rosário
era seu destino, assim como era o destino do padeiro nos
deixar, você não pode mudar as escolhas das pessoas. O
padeiro já sabia o preço de sua escolha.
Em minha juventude ouvi duas frases que explicam isso:
“amar? Ou ser amada?”.
“morrer? Ou matar?”.
Talvez para você isso não faça sentido agora, mas veja o
que aconteceu com o padeiro;
Ele trazia consigo uma dor muito grande e que já não mais
podia suportar, mas uma coisa que você não sabe é que ele
tinha uma pessoa que jurava amá-lo e que não era a
garçonete.
Quando você cai nessa escolha vem a seguinte pergunta;
Qual o peso que você pode carregar? Ele poderia ficar com
quem o amava, mas sabia que em seu coração estaria
sempre à garçonete e que essa dor não o deixaria.
Quando você tem que decidir entre essas duas coisas o que
define a resposta é o peso do que você esta disposta a
carregar.
Matar pode ser muito fácil, e realmente é, mas tem um
preço, você sempre carregara a dor daquela vida que
cesou-se por sua escolha.
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Quanto a morrer você pode evitar inúmeros conflitos e
vidas desperdiçadas.
Não desperdice o que essas pessoas fizeram por você, pois
as mesmas estão vivendo nos seu sonho, e encontrando a
felicidade que buscavam, sendo como uma escritora, sendo
como uma pessoa correspondida por seu amado seja como
alguém bem sucedida.
Rulyan Bespierre e Vezerra
Arcebispo papal.
Essas foram as ultimas palavras de meu mestre e sem sombra de duvidas as que mais me
marcaram.
Desde esse dia descobri que a felicidade esta nos olhos de quem a vê e não de quem a procura.
Tenho sempre minhas duvidas e meus devaneios se realmente aproveito as oportunidades que a
vida me deu. Mas creio que não.
Fim
Seria esse um ótimo final para minha historia, mas não foi assim, como disse no começo essa
historia é o conto do que precedeu a cerimônia de entrega de meu rosário de prata.
Gabriellyi creio que saiba que no final do ano eu estarei
ai ao seu lado para enfim entregar-te seu rosário de prata.
E lhe contarei enfim a parte da historia que você não
pode assistir. A parte que diz respeito ao padeiro e ao por
que ele te ajudou.
Creio também que já é hora de você compreender o
significado das palavras na lamina de sua espada e o
porquê sempre e pedido que não a leia.
Branco é a virtude de não aceitar as regras que o mundo
nos limita, somos todos senhores dos nossos destinos.
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Vigésimo segundo ato
(Anacrônicos)
Temos o mau hábito de querer compreender o porquê de muitas coisas que não são de nossa conta,
como por exemplo, o porquê de uma pessoa não mais querer falar conosco, o porquê hoje é
domingo se amanhã é segunda, o que é isso no seu nariz, ta escorrendo seu cérebro? Eis ai uma
pequena analise dos acontecimentos e o porquê nunca perguntar o porquê das coisas.
Certas as pessoas crêem que sabem mais que as outras, mas não sabem sequer o porquê que os
loucos não jogam dinheiro fora.
Meu nome é Gabriellyi, também conhecida como Claudia, minha vida é um levante de lobos e
cadáveres. Cada dia que se passa mais um lobo e mais um cadáver, não pense que não gosto de
lobos nem sequer de cadáveres apenas saiba que certos cadáveres jamais deveriam sair de suas
tumbas. Uma vez eu conheci uma história sobre um lobo, um guinu e um flautista surdo.
Era mais ou menos assim;
Havia em uma montanha próxima a escola Mahayana de budismo no Tibete um homem já de
muita idade, seu nome era Gui-Sham-Eiji, tudo o que ele possuía era um guinu e nada alem disso.
Sua cabana era dentro de um vale com uma floresta muito espessa, raramente se via uma pessoa
naquele lugar. Certo dia alguns rapazes de ma índole foram ate a cabana desse velho senhor,
estavam eles dispostos a roubar aquele animal que o velho tanto ressalva, mas quando chegaram
até a pequenina cabana se depararam com um lobo muito ferros, esse lobo os perseguia com os
olhos de nobre caçador que ele trazia consigo entranhados na ameaça do lobo eles correram para
dentro da cabana, e lá somente lá, tiveram a honra de escutar o flautista a dissonar sua melodia.
Mas como erra possível aquele senhor tocar flautas se não podia ouvir? E mais alem disso como
aquela melodia acalmava o lobo sedento de sangue. Foi quando um dos jovens viu que por sob as
patas do guinu saia um som muito parecido com a melodia que o flautista tocava.
_ Sabe meu bom jovem, percebo que sois muito tento aos detalhes, veja bem quando eu era moço
tocava essa flauta para que esse guinu me acompanhasse puxando minha carroça, o tempo passou
e ele aprendeu a musica, agora sempre que ele sente saudades de nossa juventude ele me mostra o
caminho para ressoala. Quanto ao lobo já faz tempo que ele tenta me pegar, mas quando ouve a
flauta sabe que meu guinu esta por perto para me proteger.
Agora ressalvado minha estória, foi em uma segunda feira, por volta das sei e pouca da manhã,
como já costumeira mente o J entrou em minha casa, ora nos vamos nos casar o que há em
demasia dele ter uma chave de minha casa, ele trazia consigo um envelope, maldito envelope,
estava destinado à Claudia imediatamente me dispus a não abrir aquele envelope, pois já sabia
que deveras de ser de minha incube família, ou melhor, da família de Claudia a menina que
morreu atropelada por um opala azul.
Mas já quase no horário do almoço minha curiosidade foi mais forte. Eu tinha em minhas mãos
uma carta contando sobre o tenro desatino de minha mãe que sucumbira aos desagrados de meu
pai o senhor de bigodes aranhas, dizia nesta carta:
Minha cara filha Claudia, ou Gabriellyi, como preferir ser
chamada agora.
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Minha filha como já sabes eu estou perdendo meu juízo e
gostaria muito de verte antes que eu me perca para sempre
nessa loucura.
Queria também ter a oportunidade de me desculpar pelo mal
que lhe foi feito.
Apenas te pesso perdão, e isso assim ainda me for direito pedir,
se não me de apenas o direito de ver seus olhos pela última vez.
De sua mãe com todo o carinho
Gioconda Vans de Minno
Logo que li aquela carta meu coração se fez em mil pedaços, o senhor J não entendeu aquela cena
quando eu me púz a chorar...
- Gaby por que isso agora?
Não foram eles que te jogaram ao lixo?
- Sim foi, mas, ela ainda é minha mãe e se fez o que fez foi culpa do meu pai, aquele velho, por isso
eu irei vê-la.
- Certo se é assim que queres, será, mas eu irei com você.
- Tudo bem eu queria que você fosse mesmo.
Logo ao terminar o dia eu já mais consolada com meu desespero controlado pedi que Julio me
ajudasse a arrumar minhas malas, pois eu iria viajar.
- Mas Claudia você não iria à casa de sua mãe?
- Pois é o que eu farei. Logo que me encontrar com ela. Nós iremos para o Pernambuco. Pois la
existe um medico que tratara dela para mim.
Pois assim foi feito.
Já era manhã quando eu e Julio terminamos e preparar as malas para a nossa viagem. Logo a
padaria aberta eu deixei ela aos cuidados do rapaz de monelha, quem diria eu que era suspeita de
roubar a padaria agora era sua dona.
A grande entrada.
Quando cheguei à casa de minha mãe, vi o que não queria ver, ela deitada no sofá solitário e
sensabor vivense. Meus irmãos estavam cada qual em um canto do mundo sem se preocupar com
a vida de minha mãe, e agora pela primeira vez eu me perguntei se não deveria ter procurado por
ela já que aqueles desprezíveis arrogantes e prepotentes que juravam veemência pela minha mãe
eram nada mais do que sacos de merda embolorados que só se preocupavam consigo mesmo.
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Aproveitei que na casa estava somente ela de ser humano e fomos imediatamente para o
aeroporto, não queria ver meu pai e nem aqueles desgrasados de meus irmãos.
Vigésimo terceiro ato
Porcos ateus, porcos ateiam porcos, porcos verdadeiramente porcos,
O analgésico suíno residualista,
O apogeu dos comedores de merda!
Ateiem fogo aos churrascos bípedes,
Não os deixe sem abater.
Bem meus leitores agora estamos nos aproximando do desfeche de minha historia,
Pernambuco um belo estado se assim posso chamar.
Veja que cenário lindo; minha mãe na clinica fazendo seu tratamento, Julio com ela fazendo
companhia, um sol de quase quarenta graus, perfeito para escrever, se você conseguir fazer o suor
não ensopar o teclado do computador.
Eu estou hospedada em uma vila de pescadores, onde há muito tempo eu havia comprado uma
pequena casinha, nos meus tempos de mocidade sonhava em morar aqui e fazer uma grande obra,
e acho que é o que estou para fazer.
Há como são belos os lençóis de areia dessas praias maravilhosas, bem ao longe vejo o sol
surgindo lentamente por sob o mar, se você um dia tiver a oportunidade venha e ousa a água do
mar molhando o sol no horizonte, ela faz thizzzz, thizzzz, thizzzz,
Sabe nossos olhos às vezes mentem muito ferozmente, nesse instante tenho ante meus olhos uma
pessoa, seu nome e Daniela pescadora uma das poucas por aqui, ela tem um barco de duas velas,
tem olhos azuis e lábios avermelhados como o sangue, e um perfume que não sei descrever. Meus
joelhos estavam zombando e minha cara, pois à medida que ela se aproximava de mim eles
tilintavam e me faziam cambalear, se o Julio vice isso ela ficaria pasmo, ela tinha uma beleza
destilada.
- Como se chama? Nuca a vi por aqui! Disse ela com uma voz fresca como o vento que ressoa nas
janelas boemias.
Se esses papeis pudessem contar o que viram após isso, seria o holocausto, só sei que aquela
manhã incomum. Vi todo o calor por sob os lençóis de Pernambuco tão audazes quanto maranhão
que em tempos remotos vocês viram suas historias
Sabe enquanto Gaby se perdia no horizonte o mundo deu uma nova volta, estava eu e sua mãe na
clinica do doutor Fabio Medeiros Arruda quando em uma entrada cinematográfica o pai de Gaby
invadiu a sala do consultório, e na impressão de que eu fosse um amante de sua esposa e que
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estava tentando roubá-la dele uma cena de muita agressão se iniciou. Depois de quase desacordar
por uma coronhada que ele me deu na cabeça consegui pegar a mãe de Gaby se sair daquele lugar.
Desde esse dia então alguma cousa mudou repentinamente em nossas vidas, a mãe de Gaby em
meus braços começou a mudar seus olhos, ela já não me via como o amante de sua filia, mas sim
como algo que ela cobiçava, e quando senti sua mão em meu peito ela me disse que estava
apaixonada por mim.
Após andar por horas ate a casa de pescador de Gaby pedi que a senhora minha futura sogra fosse
se banhar e descansar, pois aquele dia fora muito desgastante. Fui então ate uma farmácia
comprar alguns analgésicos para ver se parava essa dor que eu estava sentido por conta das
pancadas.
Já é quase tarde e dane esta com seu barco rumo ao cais, e pela primeira vez em anos eu estou
acordando às quatro horas da tarde, mas não queria, pois tinha agora diante meus olhos a certeza
de ter traído Julio a quem jurei amar. Já estou muito louca, não posso pensar mais.
Quando retornei da farmácia a mãe de Gaby já estava na cama, não quis acordá-la, mas em uma
súbita libido ela me chamou, pediu-me que entrasse em seu quarto. Recusei-me instintivamente,
mas quando dei por mim ela já estava despida no meio da sala, e me disse que eu não sairia dali
antes que ela estivesse satisfeita, e que eu não a satisfaria!
Aos anjos do caos um bolero.
Não nos esqueçamos que a senhora mãe de Gaby sofria de uma loucura incomum, tudo que me
lembro de da faca, dos gritos, do desespero por ter sido rejeitada, do sangue em minha camisa e
da minha respiração aos poucos parando.
Quando o barco de dane chegou ao cais ela me pediu desculpas pelo que fizera, mas que não me
arrependesse do mesmo.
Às vezes a morte tem um cheiro muito inebriante, um cheiro como o perfume que dane exalava,
sabia naquele instante que algo de muito ruim estava para acontecer, me despedi dela e parti
instintivamente para minha casa, nunca me vi correndo com tanta velocidade para algo que eu
nem sabia do que se tratava.
Quando cheguei a casa tinha minha mãe na janela com os pulsos cortados pelo vidro da janela e
Julio com uma faca entranhada no peito. Graças a deus os médicos conseguiram chegar antes que
a vida se esgotasse no corpo de meu amado, só que minha mãe não suportou.
Alguns dias depois os peritos da polícia me disseram do que se tratava; minha mãe tentou possuir
Julio e ao ser repreendida ela pegou a faca e tentou matar Julio, como já sabia do pesso do que
tinha feito se jogou da janela, mas o lençol se prendeu no seu pé fazendo com que sua mão ficasse
presa à janela, tendo assim seus pulsos dilacerados.
Logo meu Julio se recuperou voltamos para minas e para nossa vida corriqueira.
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Vigésimo quarto ato
Deus criou o homem, o homem se tornou seu deus.
Quando os murros da babilônia caírem, todos os seus pecados serão varridos.
O homem de bigodes aranhas fora ate a casa do senhor que ruminava, la naquele recinto que parecia mais
com um inferno os demônio conspiraram e tramaram o destino dos homens, por horas os dois seres
abomináveis discutiram quem estava roubando a fortuna de quem, se era eu a plebe mortal que se tornou
rainha dos livros, ou se era Julio o lixo que exaltou as rosas.
Era chegado então o grande dia o casamento de Julio e de Gaby.
Vigésimo quinto ato
Faltam dois meses para o inicio do ano, já chove um pouco nesse mês de outubro, caso você tenha
esquecido minha missão como branco era um novo ano para viver. Minha ferida já estava muito
insuportável e o sangue persistia em continuar a se transpor pelo meu peito.
Era numa sexta feira, uma tarde de outubro, eu de branco, Julio de terno, uma igreja enfeitada pelas rosas
de Julio um altar lotado por meus leitores e admiradores. Já hora e chovia muito, padre Rulyan estava no
Brasil somente para isso, na maldita hora do não meu pai entrou no salão paroquial.
Foi mais ou menos assim, aquele velho de araque entrou na igreja, o monstro de bigodes, portando um
winchester, em seus olhos muito ódio.
- Você jamais ira se casar com minha Claudia! E em um súbito desatino o homem de bigodes aranhas
desfez seis tiros mortais contra meu amante.
E quando o pai de Julio que estava naquele recinto viu aquela cena, deus tenha piedade de todos nos, ele
sacou uma arma que estava reservada para mim e disparou contra o bigode aranhas, e em seu bale de
morte ele o mórbido bigodes arranha disparou a ultima bala de seu winchester contra o pai de Julio, foi
uma bala mortal no centro de sua testa...
Mas como sempre antes do desfecho de toda boa historia uma cena de final feliz...
- J. U. L. I. O...
Foi assim que ouvi Gaby dizer meu nome naquele momento infortúnio.
- Por deus Julio não me deixe...
Naquele instante percebi que o sangue da ferida do peito de Gaby começou a cair sobre mim, a dor que
senti naquele instante passou...
- Gaby seja forte!!!
- Não me deixe, por favor...
- Gaby eu não tenho intenção de lhe deixar agora...
...não passei por tudo isso pra não te ter ao meu lado...
Não seja fraca... Lute contra isso... Lembre-se um novo ano para Gaby...
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Já era de se esperar que uma hora eu voltasse a aparecer nessa historia, caso na tenha percebido, sou o anjo
da guarda de Claudinha, meu nome é Samael, quando me deparei com aquele tênue desatino coloquei-me
a galopes com os dois pombos decaídos.
No meio daquela valsa, um bale de anjos, um sussurro dos mortos.
Deus você não os terá hoje.
Em um súbito ato peguei a garota de olhos castanhos e o rapaz com olhos de moça e partimos
imediatamente para um pronto socorro.
- Gaby meu anjo... Nós iremos vencer...
- Julio meu vendedor de rosas agüente firme...
- Gaby, Gaby, você é minha força...
Vigésimo sexto ato
Aquele dia e aquele acontecimento mudaram completamente o rumo de minha vida, foram aqueles os dias
mais amedrontadores de toda minha historia. Eu Gabriellyi ao lado de Julio meu amante lutando para um
não deixar o outro, foi assim por inúmeros dias até vinte e três de dezembro, quando enfim recebi alta do
hospital e completei meu livro tão esperado que aqui lhes escrevo.
Lembro-me ainda hoje que nos casamos em vinte e oito de dezembro, lembro também que lancei meu
GABY dois dias depois.
Vigésimo sétimo ato
Vale a ressalva do dizer que na verdade tudo o que foi lido ate então teve um pequeno acréscimo
para tornar mais romântica essa historia, mas vou dizer-te que foi mais ou menos assim a historia
real:
Na verdade quando aquele bilhete tocou o chão nosso destino estava traçado, tanto eu quanto
Julio aprendemos o verdadeiro significado das linguagens do vento na verdade foi assim que
aconteceu...
... Estava eu Julio de um lado daquela porta, eu Gabriellyi de outro, ambos andando em círculos,
quem daria o primeiro passo, eu Julio meio sem jeito afinal não havia sido convidado para aquele
lugar, eu Gabriellyi meio tonta de andar em círculos não queria parecer estar esperando por ele.
Um suspiro... Uuufááááá... Uma mão a bater a porta, outra mão à maçanetas, nenhuma batida,
nenhum rangido de porta, mais uma vez... Uuufááááá... Uma mão à porta outra à maçaneta... Um
rangido e um “toc, toc”. Dois olhos um no outro um sorriso tímido, meio embaçado, os polmos do
rosto sonrosados... Oi sou GAJÚBRILIELLYIO... Você primeiro...
E então a noite se iniciou e desembainhou ate o amanhecer. Nuca irei me esquecer, pois a ponta de
metal presa em meu peito não me permitiria. Na manhã seguinte como conta a historia meu peito
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estava em sangue, foi assim que Julio me levou para o hospital e descobriu que eu me chamava
Claudia.
Claudia a menina de olhos castanhos e sorriso de menina moça, como os de Julio meu amado.
Tudo aqui contado foi verdade aconteceu, mas o final de minha trama foi uma estratégia, afinal
não sou do tipo de pessoa que acredita em finais felizes.
Quando meu amigo padeiro deixou a carta contendo a escritura da padaria para mim e a carta
para sua amada, ao atravessar a rua uma moto contendo uma garota de olhos negros parou e o
entregou um capacete e eles foram embora, e a garota do restaurante estava pouco se lixando com
o acontecido ela amassou o envelope e o jogou no lixo. E quanto meu amigo mendigo ele foi para
o exterior tentando se livrar do filho bastardo. Já o cobrador quem me dera se ele tivesse
realmente morrido no dia em que ele pediu desculpas para o irmão estava em uma cruz de
amantes, não era nem um pouco nobre e sim um suíno cor de rosas.
Estou sentada em uma praça da bela Veneza, dentro de um de seus tradicionais cafés, tenho ao
meu lado Julio meu eterno amante... e caso tenha se perguntar sim amei Daniela a pescadora de
olhos azuis e voz de brisa do mar, e ate hoje trocamos correspondências. Hoje é primeiro de
janeiro de um ano novo para Gaby.